Bradesco (BBDC4): O pior passou, mas analistas fazem alerta para série de desafios; o que fazer com a ação?
Aos poucos, o Bradesco (BBDC4) está recuperando a qualidade no número de suas linhas, avaliam analistas do mercado, em repercussão aos resultados do terceiro trimestre do ano.
A companhia, que entregou um lucro líquido recorrente de R$ 4,62 bilhões no período, atendeu algumas expectativas, mas ainda mostrou um balanço fraco em termos de receitas, na avaliação do Itaú BBA.
A instituição destaca que a razão para que o lucro tenha atendido as projeções da casa foi a a queda sequencial nas despesas com provisões, mas “a qualidade dessa melhora não é ótima, visto que a cobertura caiu mais uma vez”.
Ainda, a carteira de crédito ficou praticamente estável em relação ao terceiro trimestre do ano passado, mostrando uma performance abaixo dos pares, enquanto o NII (receita líquida de juros) teve queda sequencial de 4%, machucado por menores spreads.
“No geral, esse trimestre confirma que o pior passou, mas também destaca os desafios que o Bradesco terá que enfrentar para restaurar a rentabilidade”, diz o BBA.
Às 12h45, as ações do Bradesco caíam 1,77%, negociadas a R$ 14,99 cada.
Para a XP Investimentos, a maior preocupação agora é, de fato o NII com clientes, que teve uma queda sequencial de quae 5%, a maior desde 2017.
“Esta queda pode ser atribuída a um mix de produtos mais desfavorável, spreads mais baixos e crescimento mais lento da carteira de crédito”, analisa a corretora.
Como dado positivo, a Ativa Investimentos chama atenção para a recuperação da inadimplência, ainda que “a duras penas”.
“A inad 90 dias cai pela primeira vez nos últimos trimestres, e a curta mostra uma queda já mais acelerada”, diz.
Por outro lado, o efeito detrator nas receitas foi maior do que o esperado. Apesar dos indicativos de que a necessidade de provisionamento cairá, a corretora destaca que não há certeza de quando que o banco voltará a tomar risco e, assim, fazer seu top line crescer.
“Portanto, consideramos o resultado misto, porque ele não altera nossas projeções do ritmo de melhora da rentabilidade dos próximos trimestres”, conclui.
O BB Investimentos avalia que, com a divulgação dos últimos resultados, o mercado tem evidências de que o momento desafiador do ciclo de crédito no Bradesco deve ser mais duradouro do que anteriormente antecipado.
“Apesar de pairar no imaginário dos investidores a recuperação plena e completa do Bradesco à velha forma, incluindo um ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) na casa dos 20% [atualmente está em 11%], neste momento, vemos poucos indícios não apenas da velocidade, mas da possibilidade deste cenário, ainda que a inadimplência comece a dar sinais de melhora”, afirma o time de análise da instituição.
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O que fazer com BBDC4, segundo seis analistas
A maioria das casas segue mais cautelosa em relação às ações do Bradesco, dado o cenário ainda nublado para o banco.
XP e BB mantêm recomendação neutra para o nome. O BBA tem classificação de “market perform”, equivalente a “neutro”, com preço-alvo de R$ 16 ao fim de 2024.
A Genial Investimentos, que enxerga tendências de melhora “bem mais lentas” no balanço do terceiro trimestre da empresa, recomenda manter a ação. Em linha semelhante a outras instituições, a corretora acredita que os números indicam que o Bradesco enfrentará desafios relevantes na retomada do crescimento da margem financeira com clientes e da carteira de crédito de forma rentável.
O BTG Pactual, também com recomendação neutra para BBDC4, diz que, apesar de o papel parecer atrativo se considerar os tempos em que o banco reportava ROE em torno de 18%, espera-se uma recuperação bem lenta pela frente.
O ROE provavelmente deve permanecer abaixo do custo de capital por mais vários trimestres, estima o banco. De acordo com o BTG, dentro de um ambiente global em que ações de bancos parecem baratas, não parece haver muitas razões para o Bradesco não negociar abaixo do valor patrimonial por um tempo.
Destoando-se das demais instituições, a Ativa tem recomendação de compra para o Bradesco, com preço-alvo de R$ 18. A corretora levanta que o banco foi mais rígido ao controlar suas despesas operacionais, linha que pode ajudar o Bradesco a recuperar sua rentabilidade mais rapidamente.