Bradesco (BBDC4): Lucro salta 29% no 2T25, chega a R$ 6,1 bilhões e bate expectativas

O Bradesco (BBDC4) reportou lucro recorrente de R$ 6,1 bilhões no segundo trimestre de 2025, alta de 29% em relação ao mesmo período do ano passado, mostra documento enviado ao mercado nesta quarta (30).
O número ficou acima do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava lucro de R$ 5,9 bilhões no período.
Após sequência negativa, com rentabilidade bem abaixo dos pares e índices de qualidade, incluindo inadimplência, que mostraram deterioração preocupante, o Bradesco tenta ‘acertar a mão’.
A prioridade até aqui tem sido melhorar a qualidade dos ativos e recuperar a rentabilidade, mesmo que isso implique em um crescimento de crédito mais contido em 2025.
Como o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, não cansa de repetir, um crescimento step by step (passo a passo).
O banco é o segundo a divulgar o seu resultado, após o Santander Brasil (SANB11) ter entregado lucro de R$ 3,6 bilhões.
O ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) mostrou evolução e subiu 3,2 pontos percentuais no ano e 0,2 pp no trimestre, para 14,6%.
Média de quatro analistas consultados pelo Money Times esperava ROE de 14,35%.
Mesmo assim, o banco não conseguiu superar a rentabilidade do seu rival espanhol, que encerrou o período com 16,4%.
Segundo Noronha, “superamos a marca de lucro de R$ 6 bilhões, mas ainda estamos longe de onde queremos chegar”.
“Nosso plano divulgado há um ano e meio é para aumentar a nossa competitividade no curto e no longo prazo. Estamos num bom caminho, a execução do plano tem andado como previsto originalmente”, afirmou.
No after marker de Nova York, a ação subia 2,89%.
“O Bradesco apresentou um resultado que deve agradar o mercado, trazendo diversos pontos positivos”, escreveu Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Bradesco: Aumento dos calotes?
A carteira de crédito expandida voltou a subir e chegou a R$ 1 trilhão, alta de 1,3% no trimestre e 11,7% no ano. Houve expansão de 16% na carteira de pessoas físicas e 8,6% na de pessoas jurídicas (empresas).
Apesar disso, o banco elevou sua despesa com PDD, reserva de capital que bancos fazem para lidar em casos de inadimplência, em 11,7% no ano e 6,5% no trimestre, para R$ 8,9 bilhões.
O aumento também foi verificado no Santander, o que pode indicar uma maior cautela dos bancos em meio à disparada dos juros.
“A economia começou a desacelerar de forma mais evidente no segundo trimestre e esperamos que desacelere mais daqui para frente. Assim, é preciso manter a nossa cautela, preservar a boa qualidade das novas safras de crédito, sem perder bons negócios”, disse Noronha.
Ainda segundo o banco, o aumento das despesas está relacionado ao maior crescimento das operações massificadas, com destaque para MPME, pessoas físicas e a consolidação do Banco John Deere.
Mesmo assim, a inadimplência seguiu controlada.
Ou seja, o banco conseguiu crescer a carteira sem prejudicar a linha, importante termômetro para medir a capacidade dos clientes de honrarem suas dívidas, que se manteve estável para acima de 90 dias, a 5,1%, e com queda de 0,2 p.p. no ano.
Margens e receitas
A margem financeira com clientes continuou sua recuperação e melhorou 16,4% ante o ano passado, para R$ 17,7 bilhões.
De acordo com o banco, o número foi impulsionado pelo aumento da carteira de crédito e da taxa média.
Já a margem com mercado foi de R$ 288 milhões, recuo de 11,4% ante o ano passado e 37,7% em comparação com o ano a passado.
A receita atingiu R$ 34 bilhões no trimestre, elevação 15,1%, impulsionada por forte crescimento em todas as linhas: margem financeira total, receitas com serviços e seguros
A receita com serviços cresceu 5,5% no trimestre e 10,6% no ano. Na comparação anual, os destaques foram as receitas de rendas de cartão, consórcios e mercado de capitais.
As despesas operacionais aumentaram 5,9% no trimestre e 9,9% no ano, para R$ 15,8 bilhões, porém.
O Bradesco diz que esse ritmo de crescimento reflete em grande medida os investimentos que o banco faz em coligadas.
Guidance revisado para cima
Em meio à expansão superior ao projetado, o Bradesco espera, agora, um crescimento da receita de serviços entre 5% e 9%, superior à projeção anterior de 4% a 8%.
O resultado das operações de seguros, previdência e capitalização, por sua vez, deve subir 9% a 13%, versus 6% a 10% anteriormente.
“A revisão se deve a melhor perspectiva para a receita de serviços e do desempenho de seguros. Nosso guidance continua a considerar cautela na originação de crédito”, disse.
Indicador | Guidance Anterior | Guidance Revisado | Realizado (1S25 x 1S24) |
---|---|---|---|
Carteira de Crédito Expandida | 4% a 8% | Mantido | 11,7% |
Margem Financeira Líquida (Margem Total – PDD Expandida) |
R$ 37 bi a R$ 41 bi | Mantido | R$ 19,5 bi |
Receitas de Prestação de Serviços | 4% a 8% | 5% a 9% | 10,4% |
Despesas Operacionais (Pessoal + Administrativas + Outras) |
5% a 9% | Mantido | 11,1% |
Resultado de Seguros, Previdência e Capitalização | 6% a 10% | 9% a 13% | 26,8% |