Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11): É hora de encher carrinho com ações enquanto é tempo
O setor bancário tem vivido momentos difíceis nos últimos meses. No final de 2022 estourou a bomba das Lojas Americanas (AMER3), com a notícia de que a varejista tinha um rombo de mais de R$ 40 bilhões.
Depois as quebras de dois bancos internacionais, o americano Silicon Valley Bank, e o gigante suíço, Credit Suisse.
E não parou por aí. Depois veio a notícia de que o alemão Deutsche Bank também estava mal das pernas e mais recentemente foi noticiado que outra instituição dos Estados Unidos, o First Republic Bank, estaria prestes a sofrer intervenção do banco central local. Dias depois, logo no início de maio, foi anunciado sua compra pelo JP Morgan.
Como a economia mundial está globalizada e os bancos detém fatias de outras empresas e vice-versa, a crise de um setor específico pode empurrar para baixo ações de outros ramos econômicos.
Também acontece de a crise em um país contaminar diferentes mercados. Aqui no Brasil, os balanços de grandes bancos como Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) mostram que eles lucraram menos no primeiro semestre de 2023.
Na comparação com os três primeiros meses de 2022, o lucro de R$ 2,1 bilhões do Santander representa queda de 46,6% enquanto os R$ 4,3 bilhões do Bradesco ficaram 37,3% abaixo do lucro alcançado em igual período do ano passado.
Ambos, mas não só eles, sofrem com o alto provisionamento necessário para enfrentar o alto índice de inadimplência registrado nos últimos meses.
O Bradesco, por exemplo, carregava boa parte do endividamento das Americanas e sentiu bastante os efeitos da fraude descoberta no balanço da varejista.
Com tantos problemas, tantas notícias ruins há quem pergunte: vale a pena comprar ações do setor bancário neste momento? A resposta é simples. Sim, claro.
Mas vale a pena para quem deseja retorno a longo prazo. As oscilações, como já disse e gosto de sempre frisar, são ótimas para quem faz day trade, mas péssimas para investimentos de curto prazo.
Explico melhor. No curto prazo ainda há muito para ser acertado. O Congresso recém votou o arcabouço fiscal e o Banco Central ainda não reduziu os juros. Mas é preciso ponderar que o fato de não aumentar a Selic nas duas últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) é um sinal de que a política monetária logo sofrerá mudanças, até porque a inflação começa a perder força.
Tudo isso torna difícil fazer previsões de curto prazo. Mas no longo a tendência é que as ações dos bancos nacionais voltem a subir. O papel do Bradesco, por exemplo, estava precificado na quarta-feira, dia 24 de maio, a R$ 15,46.
O Santander a R$ 15,58. Ou seja, estão muito baratas e é claro que vão subir. Assim, quem comprar agora pensando no longo prazo tende a engordar a carteira.
Na mesma data, o Itaú (ITUB4) estava mais caro, R$ 26,36, e o Banco do Brasil (BBAS3) R$ 44,68. Apesar do preço são dois ativos muito interessantes e que também não devem ser ignorados.
O Itaú é simplesmente o maior banco do país e o de maior valor de mercado. O Banco do Brasil, sempre se mostrou ótima opção. A única ressalva é que por ser um banco público carrega o peso das decisões políticas em sua precificação.
Todos sabemos que banco é o melhor negócio para se ter no Brasil. E dizem que o segundo melhor também é banco.
Brincadeira à parte, isso é verdade. Nossas instituições financeiras aprenderam muito a ganhar dinheiro nos tempos da hiperinflação, nos anos 1980. Aprendizado esse útil até nos dias de hoje. Uma coisa é certa com ou sem crise eles lucram.
Voltando a falar de Bradesco e Santander, seus balanços mostram que eles lucraram menos e não que tiveram prejuízo. Seus lucros líquidos sozinhos são maiores do que o valor de mercado de diversas empresas listadas na B3.
Imagine quando a inadimplência começar a cair e a economia voltar a crescer. Portanto, acreditar nos papéis do banco neste momento é a oportunidade de obter boa lucratividade no longo prazo. Ainda mais que eles são bons pagadores de dividendos.