Bradesco (BBDC4): Cenário se deteriorou? ‘Estamos seguros’, diz CEO
O Bradesco (BBDC4) está seguro e otimista com que planejou, disse o CEO, Marcelo Noronha em teleconferência de resultados realizada com jornalistas nesta quinta-feira (31). Mais cedo, o banco divulgou lucro de R$ 5,2 bilhões, pouco acima das expectativas. Apesar disso, a ação chegou a cair mais de 4% nesta manhã.
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De acordo com o executivo, “cenário deteriorado” é algo um pouco vago.
“Trabalhamos com três cenários: um improvável de melhoria substancial, um cenário básico e um cenário mais estressado. Qualquer aumento de taxa de juros desacelera a economia, afetando todos os setores. Cada um precisa avaliar seu impacto. Eu sou um otimista cauteloso, baseado em indicadores concretos”, disse.
Ele recorda que atualmente, a política monetária enfrenta desafios com a inflação alta e o câmbio, o que levanta preocupações sobre o aumento da dívida pública, podendo ir de 79% para 82% do PIB até o final do ano.
“Estamos atentos às medidas governamentais. Se for implementado o que o ministro Fernado Haddad propôs – incorporar mais despesas no arcabouço fiscal –, acredito que será positivo, ao contrário da expectativa inicial do mercado”, argumenta.
Ainda segundo o CEO, o cenário onde o Banco Central eleva mais juros é menos provável. O último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira, mostrava a Selic, a taxa básica de juros, em 11,75% até o final do ano. Já o dólar renova máximas, cotado na faixa de R$ 5,7.
De qualquer forma, o banco diz que está mais preparado do que em períodos anteriores, quando teve explosão na inadimplência e piora na rentabilidade. Noronha, inclusive, completou um ano no cargo. Ele assumiu o banco, justamente, para colocar a “casa em ordem”.
“Hoje, o nível de desemprego está em 6,7% e, no crédito, estamos focados em linhas seguras e consignado. Estamos evitando expandir crédito para clientes mais estressados. Para o próximo ano, espera-se que o desemprego chegue a 8%”, afirmou.
O Brasil abriu 247.818 vagas formais de trabalho em setembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Ele diz ainda que dois fatores afetam a pessoa física: perda de renda, principalmente devido à inflação, e perda de emprego.
“Ainda assim, estamos com um cenário relativamente seguro, com crédito bem estruturado para empresas. O cenário deteriorado é uma questão de perspectiva. Estamos seguros, otimistas com o que planejamos entregar e prontos para ajustar, caso o cenário fique mais estressado”.
Risco de crédito do Bradesco controlado
Ainda sobre crédito, o CEO disse que o banco está com o risco bastante controlado e que espera que a inadimplência continue recuando, embora em ritmo menor.
“A carteira de crédito cresce com equilíbrio em todos os segmentos… e com índice na inadimplência que melhora em todos os segmentos de clientes”, afirmou em teleconferência com jornalistas após o banco divulgar balanço trimestral mais cedo.
No terceiro trimestre, a carteira de crédito do banco somou R$ 943,9 bilhões, alta de 7,6% em 12 meses e de 3,5% no trimestre, com a inadimplência acima de 90 dias recuando para 4,2%, de 5,6% um ano antes e 4,3% no segundo trimestre.
“Vejo uma linha de tendência de queda ainda (na inadimplência), não só pelo crescimento da carteira, mas pela qualidade do que o banco está trazendo”, afirmou Noronha, referindo-se às novas safras de crédito.
“Nós arrumamos a inadimplência, ela vai cair, em um ritmo menor, mas vai cair, essa é a expectativa”, reforçou.
Na visão de Noronha, há alguns agentes econômicos com olhar mais pessimista em relação ao cenário macroconômico, mas ele avalia que o mercado bancário está mais otimista, vide os dados de crédito do Banco Central conhecidos na véspera.
O executivo também afirmou ter uma perspectiva “muito boa” para o crédito da pessoa física no próximo ano. “Não sei se nesse mesmo patamar, talvez um pouco menos, mais ainda com crescimento robusto”, afirmou o executivo.
Com Reuters