Bradesco (BBDC4): BTG vê recuperação mais lenta às vésperas do balanço do 3T23
O BTG Pactual reduziu em 7% e 4% a estimativa para o lucro do Bradesco (BBDC4) em 2024 e 2025, respectivamente, a R$ 22,4 bilhões e R$ 27,3 bilhões, avaliando que a recuperação da instituição pode ser mais lenta do que o mercado espera.
As novas projeções são apontadas às vésperas da divulgação do balanço do terceiro trimestre, que sai dia 9. O banco manteve a estimativa para o período de lucro de R$ 4,75 bilhões (1% menor do que o consenso) e ROE de 11,8%.
Com isso, o retorno sobre patrimônio líquido em 2023 deve ficar pouco abaixo de 12%, atingindo 13,3% no próximo ano, de acordo com relatório assinado por Eduardo Rosman e equipe.
Os analistas seguem com recomendação neutra para a ação do Bradesco e preço-alvo de R$ 17 para 2024 – o que implica em um potencial de alta de cerca de 18,5%. Eles calculam que o banco negocia a 0,9 vez o valor patrimonial, próximo da mínima histórica.
Pressão sobre o Bradesco
Para os analistas do BTG, a abordagem conservadora do Bradesco continuará pressionando os resultados trimestrais.
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O banco optou por reduzir o apetite ao risco por causa do aumento no ano passado dos créditos não produtivos (NPLs), concentrando-se em linhas de crédito mais seguras.
“Embora essa abordagem provavelmente leve a provisões mais baixas (ainda não concretizadas), o que temos visto até agora é um grande impacto nas receitas”, afirmou o BTG em relatório.
Os analistas do banco ainda lembraram que a qualidade dos números do segundo trimestre decepcionou. No fossem os resultados em seguros, afirmaram, o lucro teria diminuído na base trimestral.
Apesar do ROE do Bradesco ter sido de 11,5% no 2T, “apenas” cerca de 9,5p.p. inferior aos 21% reportados pelo Itaú Unibanco (ITUB4), a diferença no ROE antes dos impostos foi muito maior, de 17,5p.p. (12,5% vs. 30%), afirmaram.
“Consequentemente, à medida que os resultados operacionais do Bradesco se recuperarem, isso provavelmente levará a uma alíquota tributária mais elevada, retardando a recuperação dos resultados financeiros”.
Impacto do Nubank
Para os analistas do BTG, o Bradesco já vem sentindo o impacto da concorrência com o Nubank (NUBR33), dado o maior foco do bancão no segmento do varejo popular. O Itaú, ponderaram, tem mais força no varejo de alta renda e grandes empresas.
“Com valor de mercado de US$ 38 bilhões (25% acima do Bradesco), o Nubank conseguiu atrair impressionantes cerca de 80 milhões de clientes ativos no Brasil, tornando-se não apenas um dos principais players de cartões de crédito, mas também ganhando cada vez mais relevância como o principal banco dos brasileiros”, afirmaram.
Eles destacaram que “várias pesquisas” recentes mostraram uma maior tração dos bancos digitais no Brasil, especialmente no pós-pandemia.
“Os bancos digitais estimularam a rápida adoção por parte de novos clientes através da sua menor burocracia do que as grandes instituições, e a tecnologia fez com que os bancos tradicionais perdessem a sua vantagem competitiva”, afirmaram.