Bradesco (BBDC4): A reação de CEO ao tombo da ação; ‘expectativa alta’
O Bradesco (BBDC4) divulgou resultados que, a primeira vista, pareciam dentro do esperado, com alta do lucro, expansão das margens e aumento da rentabilidade.
Apesar disso, a ADR do banco em Nova York chegou a tombar mais de 6% no after-market.
No pregão desta quinta, o papel abriu em queda de 4%, a R$ 18.
O problema, segundo alguns analistas, é que se criou uma expectativa alta demais para o balanço, avaliação compartilhada pelo CEO, Marcelo Noronha.
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“O buy-side nacional criou uma expectativa maior, alguns, nem todos, porque a expectativa média de mercado, podem olhar, historicamente, era R$ 5,9 bi. Foi para R$ 6 bi, R$ 6,1 bi. Agora, uma semana da divulgação, foi para R$ 6,2 bi. R$ 6,280 bi e até R$ 6,3 bi”, disse após questionamento do Money Times em coletiva com jornalistas.
No final, o banco entregou R$ 6,2 bilhões no terceiro, alta de 18,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
Noronha lembra ainda que a ação subiu bem antes do balanço. Na última quarta, dia da divulgação, o papel saltou mais de 3%, acumulando alta de 5% e renovando máximas do ano.
No ano, Bradesco sobe quase 60%.
“Quando a ação sobe dessa forma, é natural que haja um ajuste técnico. Tem gente que carrega o papel há algum tempo e realiza o lucro, e tem quem espere um ganho maior e também acabe realizando”.
Ainda segundo Noronha, a queda não preocupa o banco.
“Mesmo que a ação caia 3% ou 4%, isso não reflete o resultado operacional do banco.
É um ajuste natural, resultado dessa valorização. Ganhamos 23%, devolvemos 3%, ficamos com 20% de valorização líquida — do trimestre passado para este”.
Carteira e inadimplência
O Bradesco também mantém uma carteira de crédito de alta qualidade e não espera um aumento da inadimplência até o fim do ano, afirmou Noronha.
Um dos pontos de preocupação de analistas foi o salto de 20% da provisão para créditos duvidosos.
O movimento ocorre especialmente em segmentos mais vulneráveis, como o agronegócio, onde a inadimplência tem pressionado os resultados.
Ele ressaltou, porém, que o apetite por risco segue em nível moderado.
Noronha acrescentou que o banco não identifica riscos de crédito relevantes entre grandes empresas, observando que os eventuais casos são pontuais.
Também afirmou não haver preocupação com o crédito destinado ao agronegócio, embora reconheça que pode ocorrer um “soluço um pouco maior” no curto prazo no financiamento de equipamentos, algo que, segundo ele, “não tira o sono” da instituição.