Comprar ou vender?

Bradesco (BBDC) encara um recuperação longa e lenta, avalia BTG; vale a pena comprar?

21 jan 2025, 16:44 - atualizado em 21 jan 2025, 18:34
bradesco
O BTG Pactual reiterou sua recomendação neutra para o Bradesco, tendo em vista os desafios que o banco deve encarar pela frente (Imagem: REUTERS)

O Bradesco (BBDC4) vem encarando desafios por todos os lados — tanto no macro quanto no micro. O banco vem tomando ações para mudanças na companhia, no entanto, mudar o curso em meio a grandes oscilações no setor bancário é uma tarefa “gigantesca”, avalia o BTG Pactual

Tendo em vista uma recuperação muito longa e lenta pela frente, o BTG Pactual reitera a sua posição neutra no “bancão”, com preço-alvo de R$ 14. “Dada a deterioração significativa nas expectativas macro nos últimos meses, o mar ficou muito mais turbulento”, ponderam.

Os analistas recordam que o clima melhorou para o Bradesco no primeiro semestre de 2024, após um segundo trimestre melhor do que o esperado, que fomentou a confiança de que o banco poderia recuperar parte de sua participação de mercado perdida nos últimos anos.

No entanto, bastou chegar o terceiro trimestre de 2024 para que os ventos mudassem. O BTG pontua que, por volta de novembro, o CEO tentava enviar uma mensagem construtiva sobre o cenário macro, no entanto, naquela época, o banco já mostrava um apetite menor ao risco ao mudar seu discurso para retornos ajustados ao risco.

Os analistas destacam que a história do Bradesco apresenta uma situação bastante desafiadora, “agravada por um pouco de azar”, uma vez que tentar implementar uma reviravolta no ambiente atual torna isso significativamente mais difícil.

“No entanto, é o que é, e acreditamos que o Bradesco fará o que precisa ser feito. Vemos a mensagem de que o banco está reduzindo seu apetite ao risco no ambiente atual de forma positiva, mas os investidores provavelmente não o farão, pois isso pode implicar uma recuperação de lucratividade ainda mais
longa e lenta à frente”, avaliam.

Ainda que o Bradesco apresente um valuation baixo historicamente,  a combinação de ROE (retorno sobre o patrimônio) menor, estimado entre 12%-14% nos próximos anos, a geração de capital mais fraca e um custo de capital do acionista maior levam os analistas a acreditar que é improvável que a ação tenha um bom desempenho nos próximos doze meses.

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O fantasma da Selic

Com a Selic (taxa básica de juros) em um ciclo de alta, o BTG afirma que deve ser observado um crescimento mais lento do portfólio e menos ativos de risco, ainda, a receita deve ser mais fraca do que o previsto para 2025.

O analistas chamam atenção para os resultados de tesouraria (margem financeira de mercado), que há um ano os investidores pensavam que poderiam contribuir positivamente em R$ 8 bilhões em 2025. Agora, a estimativa do BTG  é de R$ 500 milhões.

Volumes mais fracos e uma economia em desaceleração também devem levar a taxas menores, ponderam os analistas. No entanto, veem como positivas as provisões de crédito, enquanto os riscos de inadimplência aumentaram e devem colocar pressão adicional no portfólio de grandes empresas.

Considerando que o Bradesco já vem de uma alta base de provisão de crédito, ainda mostrando melhora marginal em relação aos pares, e assumindo que crescerá menos e assumirá menos riscos, o BTG mantém as provisões para perdas de crédito praticamente inalteradas em R$ 35 bilhões para este ano.

O que esperar do 4T24 do Bradesco?

Para o quarto trimestre de 2024 (4T24), o BTG espera que os resultados reflitam uma melhora gradual na lucratividade, com lucros próximos às estimativas do consenso.

Após acessarem os dados de outubro do Banco Central para o Bradesco, que apontavam para um lucro líquido de R$ 1,8 bilhão, os analistas do BTG afirmam que, embora seja difícil tirar conclusões significativas de um único mês, multiplicá-lo por três sugere lucros do quarto trimestre de R$ 5,4 bilhões, 2% acima das estimativas do banco e das estimativas do consenso.

“No entanto, podemos observar uma desaceleração no crescimento da carteira de empréstimos devido ao ambiente mais cauteloso, juntamente com maiores despesas operacionais impulsionadas por ajustes salariais e investimentos contínuos (por exemplo, no segmento de alta renda)”, ponderam os analistas.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.
lorena.matos@moneytimes.com.br
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Ingressou no Money Times em 2022 e cobre empresas.