BR Partners (BRBI11): Diretor vê 2025 como ano da incerteza; ‘não sabemos se o ROE será 15% ou 25%’
![Vinicius Carmona](https://www.moneytimes.com.br/uploads/2023/08/vinicius-carmona.jpg)
As cifras trimestrais, apesar de importantes para entender o momento, são grandes retrovisores. Revelam o que a empresa já passou. E nesse aspecto, a BR Partners (BRBI11) entregou mais um resultado forte, na visão do diretor de relações com investidores, Vinicius Carmona.
O banco lucrou R$ 42 milhões no quarto trimestre, queda de 2,3% ante o ano passado e 16% em relação ao terceiro trimestre. No entanto, o diretor ressalta que o recuo se deve a base de comparação. No terceiro trimestre, a companhia teve resultados recordes.
“Essa base de comparação tira um pouco o brilho de estar comparando com o melhor trimestre da nossa história. Mas foi um trimestre muito bom. O ROE (retorno de rentabilidade) de 20,4% é um ROE extremamente saudável, muito acima do custo de capital”, disse em entrevista ao Money Times.
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Ele afirma ainda que por se tratar de um negócio volátil, o mais importante é analisar o ano, quando o lucro subiu 24%, a R$ 192 milhões, e o ROE ficou a 24%.
“Foi um ano que conseguimos aproveitar esse mercado de capitais extremamente ativo, que conseguimos entrar em transações super icônicas do lado do M&A (fusões e aquisições). E tudo isso investindo em uma plataforma de wealth management (gestão de fortunas), investindo em pessoas”, diz.
BR Partners: Olhando para frente
O problema que se coloca agora para o banco é 2025, quando as taxas de juros podem ultrapassar os 15%.
“Desde que estamos listados, esse é o ano que estamos começando com mais incerteza. E eu não estou falando que a incerteza é ruim, nem que é boa. É incerteza que não sabemos se vamos terminar o ano com ROE de 15% ou com ROE de 25%”, coloca.
Ele explica que a BR possui um pipeline extremamente forte, “talvez o melhor pipeline que já tivemos na nossa história”.
“Com muitos mandato e projetos. Só que um cenário macroeconômico péssimo. Com esses juros indo para 15% e 16%, por que eu falo da incerteza? Porque a alta desses juros pode inviabilizar uma série desses projetos”, diz.
O executivo afirma que algumas operações podem atrasar, e alguns projetos até serem interrompidos.
“Quando você fala, por exemplo, de um cliente que tem um projeto de expansão, que esse projeto vai dar um retorno de 15%, aí só a dívida que ele vai tomar vai custar 15% mais um spread. Então, ele fala, eu não vou fazer isso agora, vou esperar, vou preservar o caixa”, afirma.
Ainda segundo Carmona, o negócio do banco é impactado com juros mais altos. Ele espera uma desaceleração no volume de emissões no mercado de capitais.
“Seja porque boa parte das empresas já se financiaram no ano passado, porque o mercado estava extremamente líquido, com spreads menores. Seja porque o nível de investimentos cai ou as empresas seguram, dão uma freada na expansão, por conta desse custo de dívida”.
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Ainda sim, Carmona recorda que o banco é enxuto, com apenas 200 pessoas, e gerador de caixa.
“Esse ano vai ser desafiador, mas eu acredito muito aqui na capacidade nossa, dos executivos de saber se virar nessa tempestade de uma maneira ou outra, seja por eficiência nos custos, seja por continuar encontrando boas oportunidades”.
Reação do mercado
O mercado pouco reagiu aos resultados, com a ação fechando em queda de 0,22%. Operou a maior parte do dia no zero a zero.
Para o Itaú BBA, apesar dos desafios no quarto trimestre e das duras comparações com o terceiro, a BR ainda foi capaz de entregar volumes e número de negócios fortes, mostrando o valor da franquia.
A recomendação é de compra, com preço-alvo de R$ 19. No ano, a ação sobe 4,4%, a R$ 13,56.