BR e Ultrapar “seguraram as pontas” durante crise e devem se recuperar no terceiro trimestre, diz BB
Após enfrentarem um período adverso, com mais da metade da população em casa, sem circular, as distribuidoras de combustíveis devem apresentar sinais de recuperação no terceiro trimestre, afirma o BB Investimentos em relatório enviado a clientes nesta quinta-feira (22).
Para o analista Daniel Cobucc, que assina a recomendação, tanto a BR Distribuidora (BRDT3), quanto a Ultrapar (UGPA3) souberam “segurar as pontas” durante o pior da crise, enxugando gastos e aumentando a liquidez.
“A recuperação, ainda que não tenha sido plena, foi mais rápida do que o esperado: para se ter uma ideia, em abril e maio, a queda média nas vendas em relação ao ano anterior foi de 19,7%, mas em julho e agosto a mesma foi de 6,3%”, afirma.
A corretora aproveitou o momento e revisou as estimativas das duas empresas. Para a Ultrapar, o BB atualizou o preço alvo de 2021 para R$ 22 (antes em R$ 15,50), potencial de valorização de 12%, com recomendação neutra.
“Entendemos a volatilidade atual na Ipiranga como pontual e vinculada aos impactos da crise, e vemos com bons olhos os resultados das demais companhias do grupo, com destaque para a melhoria recente nos resultados da Oxiteno”, pontua.
No caso da BR Distribuidora, a corretora elevou o preço alvo de R$ 22 para R$ 23,50 e alterou a recomendação de venda para neutra.
“A reestruturação pós privatização tem mostrado efeitos benéficos para os resultados da companhia, com redução nas despesas e uma dinâmica favorável em termos de market share, motivos que colaboraram na elevação da nossa recomendação”, argumenta.
Bandeiras brancas tem levado a melhor
As “bandeiras branca” dos postos de gasolina têm ganhado espaço na participação de mercado.
“Se compararmos a situação atual de market share com a de um ano atrás, vemos BR Distribuidora estável, e Ipiranga com queda de 1 ponto percentual”, observa o analista.
Em relação a agosto de 2019, enquanto as outras companhias avançaram 1,6 ponto percentual, a rede Ipiranga caiu 1,3 ponto percentual e a BR teve redução de 2,9 pontos percentuais no market share.
Fechando o bolso
A BR Distribuidora e a Ultrapar apresentaram redução nas despesas ao longo dos últimos doze meses. No caso da Ultrapar, houve uma queda de 5% nos no conjunto de despesas, quando comparado com os 12 meses anteriores.
“As despesas com vendas caíram 7%, o que entendemos ser também um reflexo do menor volume vendido no período, queda de 4,9% no ano, enquanto as despesas administrativas recuaram 2%”, observou.
Segundo o analista, a BR teve um desempenho melhor ainda, com redução de 5% nas despesas administrativas, “fruto da reorganização feita após sua privatização, enquanto as despesas com vendas caíram 6% ante os 12 meses anteriores”, disse.
Dividendos
O BB espera que a BR Distribuidora pague o equivalente a R$ 320 milhões em 2021, o que corresponde a um dividend yield de 1,3%.
“No entanto, a partir de 2022, entendemos que a geração de caixa da empresa deve permitir uma elevação do percentual de lucro distribuído (payout) para 50%, o que deve gerar dividendos da ordem de R$ 940 milhões, representando um yield de 3,9% sobre a cotação atual”, afirma.
Para Ultrapar, é esperado uma distribuição de R$ 287 milhões em 2021 e R$ 369 milhões em 2022, o que representa yields de 1,4% e 1,7%, respectivamente.
A BR Distribuidora divulgará seu resultado no próximo dia 10 de novembro, enquanto a Ultrapar divulgará no dia 4 de novembro.