Combustíveis

BR Distribuidora e Raízen declaram força maior em etanol

30 mar 2020, 13:37 - atualizado em 30 mar 2020, 17:04
Raízen Energia
As duas empresas disseram na declaração de força maior que o consumo caiu nos postos de gasolina do país em meio à paralisação da economia por conta do coronavírus (Imagem: Site da Raízen)

As principais distribuidoras de combustível do Brasil, BR Distribuidora (BRDT3) e Raizen, declararam força maior nas compras de etanol das usinas de cana-de-açúcar em meio à queda da demanda de combustível na maior economia da América Latina, segundo fontes com conhecimento do assunto.

A BR Distribuidora e a Raizen, uma joint venture entre a Royal Dutch Shell Plc e o conglomerado brasileiro de cana-de-açúcar e logística Cosan (CSAN3), enviaram uma carta aos seus fornecedores de etanol invocando a cláusula, segundo as pessoas. A medida inclui o etanol anidro, misturado à gasolina, e o tipo hidratado, usado diretamente no motor dos carros.

O cancelamento inclui o etanol anidro, misturado à gasolina, e o tipo hidratado, usado diretamente no motor dos carros.

Raizen confirmou que declarou força maior e a BR Distribuidora não respondeu imediatamente ao pedido de comentário feito pela Bloomberg News.

As duas empresas, responsáveis ​​pela maior parte das vendas de combustíveis no Brasil, disseram na declaração de força maior que o consumo caiu nos postos de gasolina do país em meio à paralisação da economia por conta do coronavírus.

Raizen também disse que não tem capacidade suficiente em seus negócios de distribuição para armazenar etanol de terceiros em meio à queda no consumo de combustível.

A Raizen também é o maior produtor de etanol do Brasil e, como a maioria das usinas de cana-de-açúcar, tem capacidade de armazenamento para a maior parte da sua própria produção anual.

Como primeira medida, os produtores de etanol afetados estão negando o motivo de força maior alegado pelos distribuidores e abrindo a possibilidade de discussão, disseram as pessoas.

Se isso não resolver o problema, pode-se abrir uma disputa com um juiz de arbitragem para decidir o assunto, disse uma das pessoas.

Queda no consumo

O consumo de combustível nos postos caiu 50%, em média, em uma semana, com algumas quedas de 60%, enquanto os motoristas ficam em casa para ajudar a retardar a disseminação do coronavírus, disse Paulo Miranda Soares, presidente de um grupo da indústria que representa postos de gasolina, em 25 de março.

ANP disse em nota que a queda “abrupta” no consumo de gasolina só piorará nas próximas semanas.

A maioria das usinas de etanol no Brasil já iniciou a colheita e a moagem de cana-de-açúcar, enquanto em meados de abril ainda mais unidades entram em operação, elevando a oferta de etanol.

Como a cana já está amadurecendo, as usinas não têm opção de interromper a colheita e a produção, disse uma pessoa. Eles estão refazendo as contas e se preparando para estocar praticamente tudo o que devem produzir até pelo menos o mês de junho, disse uma pessoa.

De acordo com a Unica, as usinas do Centro-Sul, a maior região produtora de cana do país, têm capacidade suficiente para estocar 60% da produção anual total de etanol em tanques.

O principal problema é o custo para manter esses grandes estoques sendo que, sem vender, as usinas não têm receita, disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico do grupo industrial Unica, em 25 de março.

O coronavírus e o petróleo barato estão atingindo o setor de combustíveis em todo o mundo. A Valero Energy Corp. dos EUA, a refinaria de petróleo número 2 dos EUA, está fechando temporariamente duas plantas e não cumprirá alguns contratos.

A Andersons Inc. está suspendendo as operações em suas fábricas e a POET “cessou temporariamente as compras de milho em vários locais”. A Pacific Ethanol Inc. está reduzindo a produção em até 60%.

Enquanto a queda no preço do petróleo e o bloqueio da economia no Brasil devem prejudicar a frágil indústria de etanol no Brasil, na Ásia, os esforços para usar mais biocombustível estão sendo comprometidos. Na Europa, os produtores estão cortando ou produzindo matéria-prima para desinfetante para as mãos.