BR Distribuidora e Raízen declaram força maior em etanol
As principais distribuidoras de combustível do Brasil, BR Distribuidora (BRDT3) e Raizen, declararam força maior nas compras de etanol das usinas de cana-de-açúcar em meio à queda da demanda de combustível na maior economia da América Latina, segundo fontes com conhecimento do assunto.
A BR Distribuidora e a Raizen, uma joint venture entre a Royal Dutch Shell Plc e o conglomerado brasileiro de cana-de-açúcar e logística Cosan (CSAN3), enviaram uma carta aos seus fornecedores de etanol invocando a cláusula, segundo as pessoas. A medida inclui o etanol anidro, misturado à gasolina, e o tipo hidratado, usado diretamente no motor dos carros.
O cancelamento inclui o etanol anidro, misturado à gasolina, e o tipo hidratado, usado diretamente no motor dos carros.
Raizen confirmou que declarou força maior e a BR Distribuidora não respondeu imediatamente ao pedido de comentário feito pela Bloomberg News.
As duas empresas, responsáveis pela maior parte das vendas de combustíveis no Brasil, disseram na declaração de força maior que o consumo caiu nos postos de gasolina do país em meio à paralisação da economia por conta do coronavírus.
Raizen também disse que não tem capacidade suficiente em seus negócios de distribuição para armazenar etanol de terceiros em meio à queda no consumo de combustível.
A Raizen também é o maior produtor de etanol do Brasil e, como a maioria das usinas de cana-de-açúcar, tem capacidade de armazenamento para a maior parte da sua própria produção anual.
Como primeira medida, os produtores de etanol afetados estão negando o motivo de força maior alegado pelos distribuidores e abrindo a possibilidade de discussão, disseram as pessoas.
Se isso não resolver o problema, pode-se abrir uma disputa com um juiz de arbitragem para decidir o assunto, disse uma das pessoas.
Queda no consumo
O consumo de combustível nos postos caiu 50%, em média, em uma semana, com algumas quedas de 60%, enquanto os motoristas ficam em casa para ajudar a retardar a disseminação do coronavírus, disse Paulo Miranda Soares, presidente de um grupo da indústria que representa postos de gasolina, em 25 de março.
ANP disse em nota que a queda “abrupta” no consumo de gasolina só piorará nas próximas semanas.
A maioria das usinas de etanol no Brasil já iniciou a colheita e a moagem de cana-de-açúcar, enquanto em meados de abril ainda mais unidades entram em operação, elevando a oferta de etanol.
Como a cana já está amadurecendo, as usinas não têm opção de interromper a colheita e a produção, disse uma pessoa. Eles estão refazendo as contas e se preparando para estocar praticamente tudo o que devem produzir até pelo menos o mês de junho, disse uma pessoa.
De acordo com a Unica, as usinas do Centro-Sul, a maior região produtora de cana do país, têm capacidade suficiente para estocar 60% da produção anual total de etanol em tanques.
O principal problema é o custo para manter esses grandes estoques sendo que, sem vender, as usinas não têm receita, disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico do grupo industrial Unica, em 25 de março.
O coronavírus e o petróleo barato estão atingindo o setor de combustíveis em todo o mundo. A Valero Energy Corp. dos EUA, a refinaria de petróleo número 2 dos EUA, está fechando temporariamente duas plantas e não cumprirá alguns contratos.
A Andersons Inc. está suspendendo as operações em suas fábricas e a POET “cessou temporariamente as compras de milho em vários locais”. A Pacific Ethanol Inc. está reduzindo a produção em até 60%.
Enquanto a queda no preço do petróleo e o bloqueio da economia no Brasil devem prejudicar a frágil indústria de etanol no Brasil, na Ásia, os esforços para usar mais biocombustível estão sendo comprometidos. Na Europa, os produtores estão cortando ou produzindo matéria-prima para desinfetante para as mãos.