BP planeja zerar emissões de carbono até 2050, diz novo CEO
A BP se comprometeu em zerar as emissões líquidas de suas operações e produção de petróleo e gás até 2050. Com a visão do novo presidente para o futuro, a petrolífera também pretende cortar pela metade a intensidade de carbono de todos os produtos que vende.
A BP, com sede em Londres, é mais uma gigante de combustíveis fósseis a estabelecer uma meta ambiciosa, embora bastante distante, para reduzir as emissões de gases que causam o aquecimento do planeta.
O anúncio do novo CEO Bernard Looney mostra que a BP responde à pressão de grandes investidores e ativistas com o que ele descreveu como “ambição líder do setor”.
“O orçamento mundial de carbono é finito e está se esgotando rapidamente; precisamos de uma transição rápida” para zerar as emissões, afirmou Looney em comunicado nesta quarta-feira.
“Isso certamente será um desafio, mas também uma tremenda oportunidade. Está claro para mim e para nossas partes interessadas que, para que a BP faça sua parte e sirva ao nosso propósito, precisamos mudar.”
As operações da BP emitem o equivalente a cerca de 55 milhões de toneladas por ano de dióxido de carbono, enquanto o conteúdo de carbono do petróleo e gás que bombeia do solo é de 360 milhões de toneladas, informou a empresa.
Looney planeja eliminar esses dois grupos de emissões em uma base líquida até 2050 ou mais cedo.
“É isso que queremos dizer com zerar a BP”, disse Looney. Segundo ele, a meta “aborda diretamente todo o carbono que extraímos do solo, bem como todos os gases de efeito estufa que emitimos de nossas operações. Essas serão reduções absolutas, e é disso que o mundo precisa.”
A BP também visa reduzir pela metade a intensidade de carbono dos produtos que vende até 2050, oferecendo aos clientes mais opções de produtos com baixo e sem carbono.
O tom de Looney é confiante, mas o executivo tem uma enorme tarefa. Para que a BP sobreviva à transição energética em um mundo que gradualmente se afasta do petróleo, a empresa precisará fazer grandes investimentos em novas fontes de energia limpa, garantir que o dinheiro continue fluindo de seus ativos de combustíveis fósseis, além de canalizar retornos generosos para investidores.
No início dos anos 2000, a empresa renomeou a si mesma como “Beyond Petroleum” sob o comando de outro CEO visionário, John Browne. Mas os grandes investimentos em energia solar não deram certo.
Em uma de suas últimas entrevistas antes de deixar o cargo, o antecessor de Looney, Bob Dudley, alertou contra o movimento muito rápido das grandes petroleiras rumo às novas tecnologias para combater a mudança climática, porque seu fracasso pode levar à ruína financeira.
No entanto, as coisas estão mudando. Tornar-se mais ecológico não é mais uma escolha para os maiores poluidores do mundo.
Os efeitos prejudiciais do aumento da temperatura global são cada vez mais evidentes, e investidores de peso começam a se preocupar com a vulnerabilidade de seus portfólios a uma crise climática. Este foi um dos assuntos mais debatidos no Fórum Econômico Mundial deste ano, em Davos.
No mês passado, a BlackRock entrou com seu significativo peso em um grupo de investidores com ativos de US$ 41 trilhões que tem pressionando os maiores emissores a mudarem de rumo.