BP-Bunge vê demanda firme por açúcar do Brasil em 2021
Importadores de açúcar irão “bater na porta do Brasil” no ano que vem, o que deve impulsionar a produção das usinas, segundo a BP Bunge Bioenergia, que destaca a queda da oferta em outros países.
A pandemia teve impacto na demanda global, mas, com a menor oferta dos principais países produtores, como Tailândia e Austrália, os suprimentos continuarão abaixo do consumo. A queda da produção coincide com o aumento das importações em países como a China.
O Brasil, que responde por metade do comércio global de açúcar, tem exportado volumes recordes neste ano, já que a alta do dólar frente ao real torna as vendas no exterior mais competitivas.
Mas, a partir de dezembro, as usinas dependerão dos estoques para atender à demanda, pois a produção da próxima safra não estará disponível em quantidade significativa até o fim do segundo trimestre, disse Ricardo Carvalho, diretor comercial da BP Bunge Bioenergia.
As usinas terão que tentar produzir açúcar já no início da safra a partir de abril, disse Carvalho. Normalmente, os produtores maximizam a produção de etanol no início da temporada devido à baixa qualidade da cana.
“O mercado vai bater na porta do Brasil pedindo açúcar”, disse Carvalho em entrevista. “A recuperação da produção global não acontecerá em 2021.”
Em um sinal de oferta apertada no curto prazo, contratos de açúcar em Nova York com vencimentos mais próximos estão sendo negociados a um prêmio em relação a futuros de entrega mais longa. Na semana passada, as cotações subiram para o maior nível desde fevereiro em meio ao clima instável no Brasil.
Os futuros caíram nesta semana diante de especulações em torno de novos subsídios à exportações da Índia, que poderiam levar a um excesso da oferta global.
“Nosso cenário considera que o programa de subsídios às exportações da Índia ainda é uma incógnita”, disse Carvalho. “Vemos, porém, esta forte demanda pelo açúcar do Brasil chegando mesmo em meio a um novo subsídio da Índia.”