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BP Bunge fixa 60% da venda de açúcar de 2021, 40% de 2022; vê capacidade plena em 2 anos

04 dez 2020, 15:03 - atualizado em 04 dez 2020, 15:03
Bunge Agricultura EUA Empresas
Consul e o presidente do conselho da BP Bunge, Mario Lindenhayn, manifestaram preocupação com os efeitos de uma prolongada seca nas principais regiões produtoras, mas observaram que a cana é uma cultura resiliente  (Imagem: Facebook/Bunge)

A BP Bunge Bioenergia, joint venture brasileira de açúcar e etanol controlada pelas gigantes de commodities, aproveitou o que chamou de “condição rara do mercado” para avançar na fixação de preço das vendas do adoçante nas próximas duas safras.

A companhia, que acaba de completar um ano de operação conjunta e opera 11 usinas em cinco Estados brasileiros, já fixou 60% de suas vendas de açúcar da temporada do ano que vem e 40% de suas vendas de 2022, disse o CEO Geovane Consul em uma entrevista na sexta-feira.

“Aproveitamos uma situação de alta dos preços do açúcar em Nova York ao mesmo tempo em que a moeda local estava caindo fortemente, o que é bastante raro”, disse Consul à Reuters, acrescentando que os preços médios para 2021 estão 10% acima do ano anterior, enquanto os preços para 2022 são 8% superiores aos de 2021.

Os preços do açúcar bruto na ICE atingiram uma máxima de nove meses de 15,66 centavos por libra no mês passado e foram negociados perto de 15 centavos durante a maior parte de outubro e novembro, quando a moeda brasileira estava perto de mínimas históricas em relação ao dólar, uma combinação que impulsionou os ganhos em moeda local para as usinas brasileiras.

O aumento do preço do açúcar foi causado principalmente por reduções de produção em regiões como Tailândia e Europa, combinadas com a formação de uma grande posição comprada de fundos.

“Paramos de fazer hedge agora com a valorização do real. Há também a perspectiva de possíveis problemas de safra no Brasil por conta do clima, então decidimos interromper a fixação do preço”, acrescentou.

Consul e o presidente do conselho da BP Bunge, Mario Lindenhayn, manifestaram preocupação com os efeitos de uma prolongada seca nas principais regiões produtoras, mas observaram que a cana é uma cultura resiliente e pode se recuperar, o que faz a empresa adotar cautela nas projeções, algo que deve ficar mais claro somente em fevereiro.

O Brasil exportou quase 22 milhões de toneladas de açúcar bruto de janeiro a outubro, contra 13 milhões de toneladas na mesma época do ano anterior, segundo dados oficiais.

A China comprou 3,7 milhões de toneladas no período em comparação com 1,27 milhão de toneladas um ano antes, um fator que a BP Bunge vê como positivo para os preços do açúcar no futuro, à medida que o país asiático reconstrói seus estoques.

“A China voltou com força ao mercado de açúcar… Estamos em dezembro e tem line-up (programação de navios) no porto…”, disse Consul, observando que é uma situação rara, uma vez que os embarques começam a diminuir a partir de agosto –em outubro deste ano, o país registrou um recorde histórico mensal de exportações.

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Foco na produtividade 

O presidente-executivo e presidente do conselho da BP Bunge Bioenergia, Mario Lindenhayn, disse que a empresa não poderia ter tido um primeiro ano melhor, apesar das dificuldades impostas pela pandemia, tendo realizado investimentos de mais de 1 bilhão de reais com recursos gerados pelas operações.

Segundo ele, o próximo passo do grupo, que deve faturar entre 5,5 bilhões e 6 bilhões de reais na safra atual, é aumentar e preencher o uso da capacidade de moagem.

A capacidade atual de processamento de cana-de-açúcar é de 32 milhões de toneladas por ano. A JV deve moer 28 milhões de toneladas em 2020, praticamente estável ante a temporada anterior, quando produziu 1 milhão de toneladas de açúcar e 1,5 bilhão de litros de etanol.

Segundo Mario Lindenhayn, o próximo passo do grupo, que deve faturar entre 5,5 bilhões e 6 bilhões de reais na safra atual, é aumentar e preencher o uso da capacidade de moagem (Imagem: REUTERS/Roberto Samora)

Lindenhayn ressaltou que a companhia investe mais de 1 bilhão de reais por ano em canaviais, entre plantio e tratos culturais, e que a expansão e ganhos de produtividade ajudarão a fechar o “gap” de capacidade e moagem em até dois anos.

Por meio de um “hub” de gestão logística da chamada cadeia CTT (corte, transbordo e transporte), que conta com conceitos de Indústria 4.0 (big data, inteligência artificial, machine learning, IoT, robótica), a empresa também tem aumentado a produtividade de suas operações, elevando o uso das colheitadeiras para 15 ou 16 horas de corte/dia, ante tradicionais 9 a 10 horas diárias.

Com a atual performance, a média de colheita de cana, que no setor gira em torno das 400 a 500 toneladas/dia, chegou ao recorde de 1.100 toneladas/dia na unidade Tropical, no município de Edéia (GO), e média de 900 toneladas/dia entre as 11 usinas da empresa.

Na safra atual, a empresa ainda tem três unidades rodando, com duas usinas paulistas (Moema e Guariropa) próximas de finalizar as operações na safra, quando a empresa maximizou a destinação de cana para açúcar para mais de 45% na média do grupo.

Para o primeiro ano de operação conjunta, a empresa estimou possibilidade de ganhos de sinergias de 1,5 bilhão de reais, e segundo os executivos parte está sendo capturada na temporada 2020/21.