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Bostic e Daly do Fed falham em reverter apostas de corte no juro

06 out 2022, 9:01 - atualizado em 06 out 2022, 9:01
Goldman Sachs
“Para nós, é difícil essa ideia de que os mercados têm precificado um giro rápido do Fed no próximo ano”, disse Christian Mueller-Glissmann, chefe de pesquisa de alocação de ativos do Goldman Sachs (Imagem: Site/Goldman Sachs_

Autoridades do Federal Reserve continuam repetindo o mantra de que não planejam reduzir a taxa de juros no próximo ano. E traders continuam duvidando.

Os futuros do eurodólar mostraram redução das expectativas na quarta-feira de um alívio monetário do Fed em 2023, mas ainda precificam uma redução em torno de 0,25 ponto percentual e pelo menos mais dois cortes em 2024.

A presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, e o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, foram os últimos a bater novamente na tecla sobre a necessidade de manter o aperto para baixar a inflação, que permanece perto do maior nível em quatro décadas.

Operadores reverteram brevemente apostas em cortes dos juros em 2023 após o forte tom “hawkish” do Fed no mês passado, que sinalizou mais aperto, mas uma série de choques econômicos e geopolíticos globais reforçou a preocupação de que os EUA e outras grandes economias entrarão em recessão.

Por mais que o presidente do Fed, Jerome Powell, tenha insistido que as lições da década de 1980 mostram a necessidade de focar na inflação e não no crescimento, investidores se recusam a acreditar que ele permanecerá inflexível diante de uma grave recessão.

“A consistente posição das autoridades do Fed contra cortes dos juros pode refletir o desejo de evitar sinalizar qualquer afrouxamento das condições financeiras”, disse Su-Lin Ong, chefe de estratégia econômica e de renda fixa australiana do Royal Bank of Canada. “Se permanecerem tão determinados e seguirem para um território muito restritivo, como os ‘dot plots’ (gráfico de pontos) sugerem, é provável que haja uma recessão nos EUA e alguma reversão da política deve ser necessária em algum momento.”

Ações e títulos se recuperaram nesta semana após a sangria em setembro, impulsionados pela esperança renovada em um giro da política monetária global de forte aperto monetário.

Embora a confiança tenha aumentado com a decisão do banco central do Reino Unido de retomar a compra de títulos para aliviar a turbulência e com o surpreendente passo do Reserve Bank of Australia ao desacelerar o ritmo de alta dos juros, a retórica do Fed alerta alguns players em Wall Street de que o atual rali de “bear market” tem vida curta.

“Para nós, é difícil essa ideia de que os mercados têm precificado um giro rápido do Fed no próximo ano”, disse Christian Mueller-Glissmann, chefe de pesquisa de alocação de ativos do Goldman Sachs, que acertou ao prever rendimentos reais positivos este ano, trazendo com isso mercados baixistas. “Vemos o Fed ainda elevando os juros no próximo ano, então pode ser muito cedo para esperar que os rendimentos reais de longo prazo atinjam o pico de forma sustentada.”

Com essa determinação do Fed, qualquer ação para reduzir os juros só poderá ocorrer se o banco central dos EUA puder abandonar sua posição atual, onde a inflação é o único foco, disse Masafumi Yamamoto, estrategista-chefe de câmbio da Mizuho Securities, em Tóquio.

“Se haverá ou não um corte de juros no ano que vem vai depender do equilíbrio entre a inflação e a economia”, disse Yamamoto. “Vejo alta probabilidade de um cenário de corte dos juros para o fim de 2023.”

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