Bônus venezuelano vira loteria em aposta de trégua com EUA
É uma das apostas mais excêntricas no mercado de crédito mundial: comprar títulos inadimplentes de um país sob sanções que deixam investidores americanos de fora.
No entanto, para operadores dispostos a assumir o risco, há dinheiro demais em jogo para deixar passar dívidas negociadas a apenas 2 cents por dólar.
É semelhante a comprar um bilhete de loteria, e um punhado de fundos latino-americanos e europeus foi à compra de títulos venezuelanos, com sinais de menos tensão entre Washington e Caracas.
“Você não pode pensar nos títulos venezuelanos como um título normal — eles são mais como uma opção”, disse Guillermo Guerrero, estrategista sênior da corretora EMFI, com sede em Londres, que recomendou notas do governo e da estatal petrolífera PDVSA aos clientes este mês. “Você está pagando um preço extremamente baixo para comprar exposição a uma possibilidade.”
A possibilidade é uma trégua nas sanções que acabaria abrindo caminho para o governo da Venezuela reestruturar as notas, que têm um valor nominal de cerca de US$ 60 bilhões.
Embora rodadas anteriores de especulação tenham queimado os investidores quando os negócios não se concretizaram, o recente diálogo entre Washington e Caracas alimenta o otimismo.
Os analistas estão cada vez mais esperançosos de que os EUA afrouxem algumas penalidades após as eleições de meio de mandato.
“Para investidores que buscam exposição à Venezuela, os preços atuais mais baixos são um bom ponto de entrada”, disse Guerrero em nota aos clientes.
O indício de esperança é uma forte reviravolta para um mercado que mostrou poucos sinais de vida nos últimos seis meses, com mínimas recordes de 2 cents por dólar para as notas da PDVSA e perto de 7 cents para a dívida do governo. Poucos outros títulos soberanos ou quase soberanos são negociados em níveis tão baixos, fora alguns títulos inadimplentes do Líbano e dos bancos estatais russos VTB e Vnesheconombank.
Francesco Marani, chefe de negociação da Auriga Global Investors, com sede em Madri, vê uma oportunidade de compra.
Ele aponta para uma série de eventos que começou no início deste mês, quando o presidente venezuelano Nicolás Maduro libertou sete americanos presos em troca da libertação de dois membros da família detidos nos EUA.
Essa troca eliminou um obstáculo a qualquer possível flexibilização das sanções. Um primeiro passo poderia ser permitir que a Chevron aumentasse a produção de petróleo na Venezuela.
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