Política

Bolsonaro vive seu melhor momento político, mas está perto de jogar tudo fora

28 ago 2020, 16:05 - atualizado em 28 ago 2020, 16:05
Jair Bolsonaro
Arretado: entre as reformas e a reeleição, Bolsonaro já mostrou o que prefere (Imagem: Presidência da República/ Alan Santos)

Demorou quase dois anos, mas o presidente Jair Bolsonaro finalmente reuniu força política suficiente para governar com alguma tranquilidade. De um lado, a aliança com os partidos do Centrão lhe garantem o apoio de cerca de 40% do Congresso, nos cálculos da MCM Consultores.

De outro, sua popularidade vem crescendo, na esteira da ajuda emergencial criada pelo seu governo para atenuar o impacto econômico da pandemia de coronavírus.

Outros sinais de pacificação das relações entre o chefe do Executivo e o Congresso são a reaproximação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o fim dos arroubos autoritários, como a presença em manifestações que apoiam a intervenção militar.

Mas, na avaliação da MCM, essa lua-de-mel tardia com o mundo político pode ser desperdiçada, com Bolsonaro cada vez mais preocupado em garantir sua reeleição a qualquer custo. E é isso que preocupa o mercado.

Enigma

“Paradoxalmente, justamente neste momento de fortalecimento político do governo Bolsonaro, exacerbam-se os receios e dúvidas do mercado financeiro a respeito do futuro da agenda de reformas fiscais”, afirma a consultoria.

Segundo a MCM, os investidores têm motivo para se preocupar, já que o presidente dá sinais cada vez mais claros de que, “entre a agenda fiscalista liberal de Paulo Guedes e a reeleição, Bolsonaro escolherá a segunda opção”.

Jair Bolsonaro Paulo Guedes
Posto ou poste? Bolsonaro e Guedes se desentendem cada vez mais (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

Assim, em vez de aproveitar seu bom momento para fazer as reformas avançarem no Congresso, mesmo que algumas sejam polêmicas e impopulares, Bolsonaro deseja consolidar sua popularidade com o aumento dos gastos públicos, pressionando a equipe econômica e causando calafrios no mercado.

A consultoria lembra que, ideologicamente, a maioria do Congresso apoia a agenda de reformas do ministro da Economia. Mesmo que os parlamentares não concordem com tudo o que Guedes propõe, seria relativamente fácil, agora, aprovar as medidas mais importantes.

A consultoria reconhece que a queda-de-braço entre o apetite dos políticos em aumentar gastos para agradar os eleitores e a necessidade de sanear as contas públicas, tendo o teto de gastos como pivô, era previsível.

Mas coube a Bolsonaro trazer a polêmica para o centro do palco, ao insistir em valores maiores para o Renda Brasil, sua versão do atual Bolsa Família.

“Se o governo Bolsonaro não tivesse sido tão inoperante neste pouco mais de ano e meio de governo, provavelmente as condições seriam mais favoráveis para o enfrentamento do impasse”, afirma a MCM.

A consultoria acrescenta que, “do ponto de vista das exigências fiscais postas pelo mercado financeiro, a governabilidade política do governo Bolsonaro talvez tenha demorado muito a chegar.”

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