Política

Bolsonaro usa evento no Planalto para elogiar Moro e tentar acalmar desgaste

29 ago 2019, 19:14 - atualizado em 29 ago 2019, 19:14
Jair Bolsonaro Sergio Moro
O presidente impediu a continuidade de Roberto Leonel, responsável pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Depois de abrir uma crise com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e com a Polícia Federal, o presidente Jair Bolsonaro usou o lançamento do programa de segurança Em Frente Brasil, nesta quinta-feira, para fazer um desagravo ao ministro, a quem chamou de “patrimônio nacional”.

“Obrigado, Sergio Moro. Vossa Senhoria abriu mão de 22 anos de magistratura não para entrar em uma aventura, mas para entrar na certeza de que todos nós juntos podemos sim fazer melhor pela nossa pátria”, disse o presidente.

Nas últimas semanas, circularam em Brasília informações de que as relações entre Bolsonaro e Moro não estavam boas, e o próprio presidente deu indícios de que não estava feliz com seu ministro mais estrelado.

O presidente impediu a continuidade de Roberto Leonel, responsável pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), na Unidade de Inteligência Financeira do Banco Central, órgão que sucedeu o Coaf quando ele foi transferido para o BC. Leonel era uma indicação pessoal de Moro, com quem tinha proximidade. Auditor da Receita Federal, ele trabalhou com a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Depois desse primeiro golpe, Bolsonaro confirmou que havia indicado uma troca na chefia da Superintendência da PF no Rio de Janeiro, unidade que investiga seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Depois, questionado sobre uma possível ingerência no órgão, disse que era ele quem mandava na PF e, se fosse o caso, poderia mudar o próprio diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo.

Valeixo é um dos delegados da PF mais próximos a Moro e chefiava a força-tarefa policial da Lava Jato em Curitiba até ser convidado para ser diretor-geral. Valeixo não foi à cerimônia no Planalto, apesar de constar na sua agenda.

No final de semana, quando um apoiador pediu, em sua página no Facebook, que Bolsonaro “cuide bem” do ministro, porque tinha votado em um governo formado pelo presidente, Paulo Guedes (ministro da Economia) e Moro, o presidente respondeu que “Com todo respeito a ele, mas o mesmo não esteve comigo durante a campanha, até que, como juiz, não poderia”.

A cerimônia desta quinta marcou o lançamento do primeiro programa efetivo do Ministério da Justiça contra crimes violentos, com um programa-piloto de atendimento em cinco cidades com alto índice de homicídios. Bastante aplaudido, Moro também elogiou o presidente.

“É importante destacar, e isso não tem tido a necessária exposição na imprensa, que a criminalidade vem reduzindo no governo Bolsonaro significativamente. Não me lembro de outro período histórico em que tivesse ocorrido uma redução de 20% nos homicídios nos quatro primeiros meses”, afirmou.

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