Comprar ou vender?

Bolsonaro representa a continuidade benéfica e Lula a incerteza, diz gestor

07 out 2022, 14:41 - atualizado em 07 out 2022, 14:41
“Se você corta juros mais rápidos, a Bolsa vai para 150 mil ponto”, afirma o gestor

O gestor da Legacy, Felipe Guerra, rechaçou, em evento promovido pela Bloomberg, a tese de que tanto Luiz Inácio Lula da Silva quanto Jair Bolsonaro são bem aceitos pelos mercados por serem conhecidos (Lula governou durante oito anos, entre 2003 e 2010, enquanto Bolsonaro é o atual presidente).

“Você tem um candidato que não tem plano de governo (Lula). Eu discordo desse pensamento de que tanto faz, que é tudo a mesma coisa. Tem uma diferença. A continuidade traz um benefício enorme para o país. Se tiver continuidade, o Roberto Campos Neto terá muito mais confiança na execução fiscal na continuidade do Paulo Guedes“, argumenta.

Vale lembrar que o mandato do atual presidente do Banco Central termina em 2024.

Guerra acrescenta que em um ambiente em que não se sabe a âncora fiscal, uma possível queda dos juros fica mais demorada e difícil.

“Se você corta juros mais rápidos, a Bolsa vai para 150 mil pontos. Se esse processo demorar, se não sabe o que acontecerá, não sabe qual é a ancoragem fiscal, começa a subir (os juros) ao invés de cair”, discorre.

O ex-presidente vem sendo cobrado por agentes de mercado a apresentar um plano econômico mais detalhado, além de um nome do ministro da Economia (ou da Fazenda, caso a estrutura ministerial anterior ao governo Bolsonaro retorne.

Sem favoritismo (e com menos Brasil)

Para Guerra, não há favoritos entre os candidatos. Porém, ele diz que o momento é mais favorável para Bolsonaro devido à série de apoios de governadores, entre eles Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, e Rodrigo Garcia (PSDB), em São Paulo.

“Se você se alinha com um economista, não tem nenhum voto. Se você se alinha com a quantidade de votos que tem o Zema em Minas Gerais, ajuda bastante”, argumenta.

Ele crê que a corrida presidencial será apertada e, justamente por isso, vendeu posições em Brasil após os resultados do primeiro turno.

“Reduzimos as posições de Brasil para entender melhor como será a dinâmica do segundo turno. Quando tem cenário equilibrado, não gostamos de ter posições relevantes. Apesar de entender que no curto prazo, o momento é muito favorável”, diz.

Além disso, o gestor observa que mesmo em um governo Lula, “se não fizer muita besteira, o Brasil está muito bem posicionado”.

“Eu não ficaria vendido em Brasil. O momento é de reduzir as posições de Brasil e esperar a dinâmica das pesquisas“, completa.

Congresso pró-Bolsonaro

Questionado sobre se um Congresso mais conservador poderia trazer mais estabilidade, Guerra destaca que não é possível dizer que os deputados e senadores eleitos serão os “salvadores da pátria”.

“De fato, foi possível ver a bancada de centro aumentando vis-à-vis com a bancada de esquerda, na Câmara e do Senado. A leitura do mercado é correta, é uma melhor qualidade, na margem, dos políticos. (Mas) daí você falar que ficará otimista porque o Valdemar Costa Neto (presidente do PL, sigla do presidente) teve cem assentos no Congresso, que ele vai ser o meu guardião, pode ter um certo exagero”, observa.

Bolsa nas nuvens

André Laport, sócio-fundador da Vinland Capital, que também participou do evento, diz que o Ibovespa poderia saltar 14% após a disputa.

“O Brasil está bem posicionado e a bolsa não está cara”, disse Laport. “Consigo ver a bolsa andando rápido para alcançar perto de 130 mil pontos, 135 mil pontos” quando a eleição passar, afirmou.

Anos de reformas estruturais e uma postura dura do Banco Central na luta contra a inflação deixaram o Brasil mais bem posicionado do que a maioria de seus pares emergentes no atual contexto global, os executivos disseram no evento.

Laport, cujo fundo tem uma posição relativa comprada em ações no Brasil e vendida em bolsa nos EUA, alertou para doses de volatilidade antes do segundo turno. Pesquisa Poderdata divulgada na quinta-feira mostrou Lula com 52% dos votos válidos e Bolsonaro com 48%.

“O que traz incerteza é o que vai acontecer no governo Lula. O plano de governo até hoje não foi falado. Você está votando na pessoa, ou talvez no histórico”, disse Laport.

Com Bloomberg

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