Combustíveis

Bolsonaro quer forçar Petrobras (PETR4) a segurar preços até 2º turno

06 out 2022, 15:03 - atualizado em 06 out 2022, 15:03
Prédio da Petrobras no Rio de Janeiro
Caio Mário Paes de Andrade assumiu a liderança da Petrobras em 28 de junho e, desde então, a empresa anunciou reduções de preços nove vezes. (Imagem: Bloomberg)

A Petrobras (PETR3; PETR4) precisa aumentar o preço dos combustíveis para acompanhar os valores internacionais. Mas a empresa enfrenta resistência do governo de Jair Bolsonaro, que quer segurar os preços baixos até o segundo turno.

Nos últimos dias, o preço do petróleo subiu no mercado internacional com o corte na produção anunciado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+).

O cartel vai cortar a produção de petróleo em 2 milhões de barris por dia a partir de novembro. Com isso, os preços do petróleo tipo Brent (referência internacional) atingiram a máxima em três semanas.

Com isso, o preço dos combustíveis aqui no Brasil ficaram abaixo do valor praticado no mercado mundial. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem da gasolina é de 9%, enquanto a do diesel é de 8%.

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Hora do reajuste

Essa reviravolta nos preços exige que a Petrobras eleve os preços dos combustíveis. A última vez que a empresa subiu os preços foi no dia 18 de junho – na época, o litro da gasolina nas distribuidoras passou a valer R$ 4,06 e o diesel R$ 5,61.

A política de preços da estatal sempre foi criticada por Bolsonaro, tanto que ele trocou o CEO da empresa quatro vezes. Caio Mário Paes de Andrade assumiu o cargo em 28 de junho e, desde então, a Petro anunciou reduções de preços nove vezes – respaldadas na queda do petróleo.

Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a conjuntura ajudou a ratificar a inclinação baixista nos últimos meses. Mas isso pode mudar com o anúncio feito pela Opep+ ontem.

“Dado a liderança do executivo em sua estrutura societária, trabalhamos em nosso cenário-base até às eleições com a manutenção de preços defasados frente ao internacional, o que é negativo para a companhia”, afirma.

Pressão eleitoral

A redução dos combustíveis ajudou a arrefecer a inflação e isso está sendo usado como um trunfo pela campanha de Bolsonaro. Por isso, o presidente quer evitar uma alta nos preços até dia 30 de outubro, quando acontece o 2º turno das eleições.

Conforme publicado ontem pelo G1 e Estadão, membros da diretoria da Petrobras receberam uma sinalização do governo para que não haja reajuste até o final do pleito.

Além disso, Bolsonaro já estaria articulando a troca de diretores das áreas de Finanças e Comercialização e Logística, que são responsáveis pela análise de preços na companhia.

Rafael Passos, analista da Ajax Capital, destaca que manter a defasagem tem impacto nos importadores, que suprem em torno de 30% da demanda nacional por combustível. Mas o discurso liberar que Bolsonaro tenta adotar também pode ser um ponto à favor.

“A disputa mais acirrada no 1º turno deve deixar o discurso mais moderado com relação à possíveis interferências na estatal”, aponta.

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