Bolsonaro pede diálogo com PGR se caso governo estiver em caminho “não muito certo”
O presidente Jair Bolsonaro fez um apelo nesta quarta-feira ao novo procurador-geral da República, Augusto Aras, para que procure o governo para conversar caso este esteja em um “caminho não muito certo”.
Na cerimônia comemorativa de posse de Aras na PGR –a posse oficial aconteceu no Palácio do Planalto na semana passada–, Bolsonaro ressaltou a independência do Ministério Público, mas disse que é mais fácil corrigir rumos do que aplicar sanções depois.
“Um apelo que faço é que é importante investigar, cumprir a lei, mas, por muitas vezes, se nós estivermos em um caminho não muito certo, estamos fazendo aquilo não muito certo, nos procure para corrigir. Corrigir é muito melhor do que uma possível sanção lá na frente”, disse Bolsonaro.
O presidente já fez críticas diversas vezes à atuação do Ministério Público, e chegou a dizer que “em tudo o MP se mete” e muitas vezes paralisa obras importantes para o desenvolvimento do país. Em outra ocasião, comentou que os procuradores seriam focados demais no combate à corrupção.
Apesar das críticas, Bolsonaro afirmou que o MP tem ajudado o país com independência e altivez e, ao comparar novamente os Poderes com um jogo de xadrez, disse que ele seria o rei; Aras, a rainha; os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), as torres; e o presidente do STF, Dias Toffoli, o cavalo.
“Neste jogo de xadrez, a independência que as peças têm que ter para trabalhar é a garantia no sucesso do cumprimento da missão”, afirmou.
Em seu discurso de posse, o novo procurador elogiou a “sensibilidade política” do presidente, que disse apontar como “prioridade o combate intransigente à corrupção”.
“Não há poder de Estado que esteja imune à ação do Ministério Público”, afirmou.
O novo procurador defendeu ainda que o MP seja atuante, mas responsável, dentro do espírito da Constituição
Ao elogiar a operação Lava Jato, Aras citou o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, e outros que atuam nas operações como magistrados “que serão sempre lembrados pela coragem”.
“A PGR vai procurar com mais ênfase o enfrentamento e o combate à macro e à micro criminalidade, e com esse compromisso eu conto com um corpo técnico de colegas. Todos nós do MP brasileiro estamos com essa disposição de contribuir para que o país seja elevado ao status que merece, ao status do desenvolvimento social, com todos os valores, direitos e garantias fundamentais, respeito ao meio ambiente e às minorias””, afirmou.