Bolsonaro, Paulo Guedes e o Mercado: Um ménage à trois possível?
Enquanto o namoro de Jair Bolsonaro e o seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes, – ou da Economia como ele gosta de dizer – já dura um tempo, o deles com o mercado pode estar engatando um ménage à trois. Os analistas parecem ter dado uma nota alta para o líder das pesquisas para o teste de terça-feira à noite, quando foi sabatinado no Jornal Nacional, da TV Globo.
“Se a performance de Bolsonaro na entrevista do JN fosse definitiva, não sendo alterado pelo horário eleitoral, a tese da campanha de Alckmin, de ‘desidratação’ do deputado, estaria na lona. Com seu discurso firme, ele não deu espaço para a “desconstrução do candidato da direita”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da corretora Nova Futura.
O Ibovespa terminou esta sessão em alta de 1,18%, a 78.388, e o dólar em queda de 0,64%, a R$ 4,10. “O candidato não fugiu dos conflitos, e seu ponto fraco foi a explicação da votação da PEC das domésticas e a diferença salarial das mulheres”, destaca a XP Investimentos.
A consultoria do economista Nouriel Roubini avaliou recentemente que a dificuldade enfrentada pelo candidato Geraldo Alckmin (PSDB), visto como o preferido do mercado, para subir nas pesquisas, pode fazer com que os investidores passem a apoiar Bolsonaro. “Nós estávamos cautelosos em relação ao otimismo do mercado quando a coalizão do Centrão apoiou Alckmin publicamente, e continuamos céticos em relação a suas chances”, pontuou o economista sênior para América Latina Pedro Tuesta.
Bala de prata
A partir do dia 31, esta sexta-feira, o mercado terá a real noção do poder que a campanha na mídia tradicional poderá ter sobre as intenções de voto. Isso porque os dois candidatos com maior tempo de exposição, Fernando Haddad (PT) e Alckmin, ainda não decolaram nas pesquisas. É a última bala de prata de cada um deles.
O estrategista-chefe da Empiricus Research, Felipe Miranda, após ver “o atropelamento de Jair Bolsonaro sobre os jornalistas da Globo ontem no JN”, questionou em um artigo se o sistema conseguiria tolerá-lo à frente do Planalto?
“Se o candidato militar aparecer nas pesquisas realmente ali nos 37 por cento como sugerem alguns trackings particulares, será que Lula continua mesmo preso? Não nos enganemos – por mais que esperneie, Lula é o grande sujeito do sistema. Foi ele quem montou essa coisa toda. E essa coisa toda quer continuar aí. Ele é o verdadeiro conservador”, lembra Miranda.
Talvez o indicador mais sensível para Bolsonaro e seu namorado saberem se o mercado vai convidá-los para um ménage à trois seja o dólar. Hoje ele caiu.