Bolsonaro parte para briga com Moro: “não vai me chamar de mentiroso”
O presidente Jair Bolsonaro partiu para o confronto com ex-ministro Sergio Moro, que pediu demissão na manhã desta sexta-feira (24), acusando Bolsonaro de exigir o controle da Polícia Federal.
“Ele [Moro] fez acusações infundadas e eu lamento. Estou surpreso e decepcionado”, afirmou em pronunciamento cercado por todo o ministério.
No ataque, Bolsonaro questionou também a fidelidade e o alinhamento de Moro às suas bandeiras. Mais de uma vez, o presidente afirmou que o ex-juiz não participou de sua campanha em 2018. “Não sei em quem ele votou no primeiro turno”, afirmou.
“Repito: ele não participou da minha campanha”, disse, para acrescentar que não quis se encontrar com Moro, entre o primeiro e segundo turnos, quando se recuperava do atentado que sofreu em Minas Gerais, para não explorar politicamente a imagem do ex-ministro.
Sem surpresas
Bolsonaro nega que queria ter acesso a investigações da Polícia Federal em curso. O presidente sustentou que decidiu trocar o diretor geral da corporação, Maurício Valeixo, porque o próprio já manifestara seu desejo de sair do comando em janeiro.
“Não foi uma demissão para causar surpresa a quem quer que fosse”, disse. Para o presidente, Moro perseguiu interesses próprios, em vez de agir como ministro de Estado, e o acusou de barganhar a substituição do chefe da PF, pedindo, em troca, a indicação para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro.
Bolsonaro declarou que uma prova da independência que concedeu a Moro foi o fato de que a equipe do ex-ministro era formada por egressos da Lava Jato em Curitiba. “Será que todos os melhores quadros eram de Curitiba?”, indagou. “Isso me surpreendeu, mas respeitei”.
Acusações
Bolsonaro negou que tenha pedido proteção à sua família ou assessores próximos em investigações da PF. “Nunca pedi para ele [Moro] me blindar”, diz. “Nunca pedi para blindar ninguém da minha família; jamais pediria”, acrescentou.
O presidente alegou que procurava, apenas, obter informações para tomar boas decisões de governo e que tinha que, praticamente, “implorar” por isso, junto a Moro.
Como contraponto, observou que mantém um bom acesso com os agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), bem como com assessores de seus ministros.
“Quero um delegado com quem eu possa interagir. Por que não?”, indagou.
Acrescentou que é prerrogativa legal da presidência indicar a chefia da PF. “Não tenho que pedir autorização a ninguém para trocar o diretor”, afirmou, para emendar que as alterações visam, apenas, permitir que a PF seja “utilizada em sua plenitude”.