Polícia Federal

Bolsonaro nomeia braço direito de Ramagem na Abin para comandar Polícia Federal

04 maio 2020, 10:15 - atualizado em 04 maio 2020, 19:55
André Ramagem - Jair Bolsonaro
O presidente vinha insistindo que queria indicar novamente Ramagem para o posto, mas não queria deixar a PF por muito tempo nas mãos do diretor-interino (Imagem: Reuters/Adriano Machado)

O presidente Jair Bolsonaro nomeou nesta segunda-feira o delegado Rolando Alexandre de Souza como novo diretor-geral da Polícia Federal, depois de ter tido a indicação de seu nome preferido, Alexandre Ramagem, bloqueada por liminar do Supremo Tribunal Federal (STF).

A nomeação foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta segunda-feira no mesmo momento em que Souza já tomava posse como diretor-geral em uma cerimônia fechada, no gabinete do presidente no Palácio do Planalto.

De acordo com foto publicada nos canais oficiais da Presidência, estavam presentes apenas Bolsonaro, os ministros palacianos –Walter Braga Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo)– e os ministros Fernando Azevedo e Silva (Defesa), André Mendonça (Justiça e Segurança Pública) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

A cerimônia rápida e fechada não estava na agenda oficial do presidente e só foi informada em uma atualização enviada à imprensa depois de ter acontecido. A transmissão do cargo ainda não foi marcada.

Ramagem, que com a anulação de sua nomeação voltou para a diretoria-geral da Abin e foi o responsável pela indicação de Souza a Bolsonaro, não estava presente.

Souza era diretor de Planejamento da Abin, o número três da agência, mas um dos principais assessores de Ramagem. Ele foi levado para o cargo por Ramagem em setembro do ano passado.

Souza foi chefe do núcleo de operações da PF em Rondônia e corregedor do órgão no mesmo Estado, onde conheceu Ramagem, então superintendente da PF. Também foi chefe do Serviço de Repressão a Desvio de Recursos Públicos da PF, em Brasília, e superintendente em Alagoas, onde estava até setembro, quando foi chamado por Ramagem para a Abin.

Uma fonte com conhecimento da corporação disse que Souza tem experiência e um perfil técnico para chegar ao comando da PF, mas admite que ele assume num momento delicado.

Essa fonte avalia que não é hora para se fazer mudanças em lotações sensíveis, como os delegados que conduzem o inquérito sobre as declarações de Moro contra Bolsonaro e a chefia da Superintendência da PF no Rio, local onde o presidente publicamente já externou interesse em fazer alterações.

A intenção de Bolsonaro, já declarada publicamente, era de indicar novamente Ramagem para o posto. No entanto, uma nova nomeação poderia ser vista como descumprimento de determinação legal –o que é crime de responsabilidade. Além disso, uma nova ação contra a indicação cairia novamente com Moraes, o que deveria levar a um mesmo resultado.

Bolsonaro ainda não desistiu de tentar levar Ramagem de volta para a PF. No entanto, o presidente não queria deixar a direção-geral do órgão por muito tempo nas mãos da equipe anterior, montada pelo ex-diretor Maurício Valeixo e o ex-ministro da Justiça, Sergio Moro.

Com a derrubada da nomeação de Ramagem, estava à frente da PF Disney Rossetti, ex-número dois de Valeixo. Rossetti chegou a ser indicado para assumir a PF por Moro, quando ficou claro que Bolsonaro exigiria a troca do diretor-geral.

Segundo o próprio ex-ministro, ele chegou a indicar Rossetti para que não houvesse uma quebra de continuidade, apesar de afirmar que não conhecia bem o delegado.

O presidente negou. A saída de Valeixo e a determinação de Bolsonaro de indicar um nome seu para a PF levaram à demissão do ex-ministro da Justiça, que acusou o presidente de interferência política.

(Atualizada às 19h55)

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