Política

Bolsonaro nega ter acusado Anvisa de corrupção e diz que carta de Barra Torres foi “agressiva”

10 jan 2022, 20:22 - atualizado em 10 jan 2022, 20:22
Jair Bolsonaro
Bolsonaro lembrou que foi ele o responsável por indicar Barra Torres que é contra-almirante da Marinha na reserva para a Anvisa (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira que não acusou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de corrupção, e classificou de “bastante agressiva” a carta do diretor-presidente do órgão regulador, Antonio Barra Torres, em resposta a declarações dele.

“Nenhum órgão está livre de corrupção. Agora, eu não acusei a Anvisa de corrupção. Eu perguntei o que está por trás dessa gana, dessa sanha vacinatória”, disse Bolsonaro em entrevista ao vivo à Jovem Pan.

Em nota divulgada no sábado, o diretor-presidente da Anvisa pediu que Bolsonaro o denuncie e abra uma investigação contra ele e funcionários da Anvisa, ou que se retrate das insinuações que fez nesta semana sobre o órgão regulador, depois que a agência autorizou a vacina da Pfizer contra Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos.

“Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, senhor presidente. Determine imediata investigação policial sobre a minha pessoa. Aliás, sobre qualquer um que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar”, afirmou Barra Torres na nota.

“Agora, se o senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate. Estamos combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário”, concluiu.

Em entrevista na quinta-feira passada, Bolsonaro, que frequentemente e sem base científica coloca em dúvida a eficácia das vacinas, indagou o que estaria por trás da decisão da Anvisa de autorizar o imunizante da Pfizer para crianças de 5 a 11 anos e qual seria o interesse da agência ao tomar a decisão, afirmando que a medida não teve como baliza a preocupação com a saúde da população.

Na entrevista desta segunda, a primeira em que se pronunciou sobre a resposta de Barra Torres, o presidente disse que se surpreendeu com o teor da carta do diretor-presidente da Anvisa.

“Eu me surpreendi com a carta dele. Carta agressiva, não tinha motivo para aquilo. Eu falei o que estava por trás do que a Anvisa vem fazendo. Não acusei ninguém de corrupção. Por enquanto, não tenho nada que fazer no tocante a isso aí”, afirmou.

Bolsonaro lembrou que foi ele o responsável por indicar Barra Torres que é contra-almirante da Marinha na reserva para a Anvisa.

Para ele, que já disse ser contra a imunização das crianças e que não permitirá que sua filha Laura, de 11 anos, seja vacinada, o trabalho da Anvisa sobre esse tema poderia ter sido diferente.

“Eu o nomeei para lá. Depois da nomeação, ele ganhou luz própria. Eu espero que ele acerte na Anvisa. Mas nós não tivemos nenhum atrito a ponto tal de ele falar que eu tinha que identificar qualquer indício de corrupção”, disse.

Barra Torres tem mandato na Anvisa até 2024 e não pode ser retirado por ordem do presidente.