Bolsonaro não muda a política de preços da Petrobras porque não quer, diz FUP
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, considerou a troca no comando da Petrobras (PETR4) “um movimento eleitoreiro e desesperado do presidente da República, Jair Bolsonaro, para tentar se descolar da escalada de reajustes dos combustíveis”.
Segundo ele, a substituição ocorreu a toque de caixa e o indicado Caio Paes de Andrade não deve ter seu nome aprovado pelas regras das estatais. “O atual secretário do ministério de Paulo Guedes (Andrade) foi escolhido mesmo sob suspeita de não cumprir requisitos impostos pela Lei de Responsabilidade das Estatais para assumir o comando da Petrobras”, disse Bacelar em nota.
Mais cedo, o especialista em governança Renato Chaves também informou que por não ter ligação com o setor de petróleo o nome de Andrade deve ser rejeitado pelo Comitê de Elegibilidade da empresa, mas mesmo assim, pode assumir o cargo máximo na companhia, como ocorreu com outros indicados pela União.
Para ele, a indicação de Andrade é “mais um ataque de Bolsonaro à maior empresa do País”.
De acordo com Bacelar, o interesse do presidente Jair Bolsonaro é se descolar da política de preços da Petrobras, que acompanha os preços de importação (PPI) desde 2016.
Na avaliação do sindicalista, o próprio Bolsonaro poderia mudar essa política, que é de responsabilidade do Executivo, e não do Legislativo.
Pelas contas da FUP, entre janeiro de 2019 e 10 de maio de 2022 – quando entrou em vigor mais um reajuste do diesel, de 8,8% – a gasolina, nas refinarias, subiu 155,8%, o diesel 165,6% e o GLP 119,1%.
“O fato é que Bolsonaro não muda ou abandona a política de preço de paridade de importação, o PPI, porque não quer. O PPI não é lei; é decisão do Executivo”, explica Bacelar.
Segundo o sindicalista, o foco da gestão da Petrobras no atual governo é a geração de caixa, resultante da venda dos combustíveis a valores de PPI, altos lucros e dividendos para acionistas, numa política de transferência de riqueza dos mais pobres para os mais ricos, “um verdadeiro Robin Hood às avessas”, compara, ressaltando que com a alta dos combustíveis impactando a inflação, a população de baixa renda fica em uma situação ainda pior.
“Na ponta mais frágil dessa equação está o trabalhador brasileiro que há três anos não tem reajuste real do salário-mínimo, sendo vítima do processo de empobrecimento acelerado”, afirma.
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