Política

Bolsonaro faz discurso dúbio a manifestantes golpistas e diz que “tudo dará certo no momento oportuno”

09 dez 2022, 17:52 - atualizado em 09 dez 2022, 17:52
Jair Bolsonaro
Bolsonaro repetiu que as Forças Armadas são o último obstáculo ao socialismo (Imagem: Isac Nóbrega/PR)

Em sua primeira aparição a apoiadores golpistas após a derrota nas eleições, o presidente Jair Bolsonaro fez um discurso dúbio em que afirmou que as Forças Armadas devem lealdade ao “nosso povo” e respeito à Constituição, que nunca saiu das “quatro linhas”, ressaltando que “tudo dará certo no momento oportuno”.

A fala de Bolsonaro, que estava praticamente recluso há quase 40 dias, ocorre a dois dias da diplomação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Nesta sexta, Lula anunciou cinco dos principais ministros do seu governo, que toma posse em 1º de janeiro, entre eles o titular da Defesa, o ex-ministro do Tribunal de Contas da União e ex-deputado federal José Múcio Monteiro.

Múcio já indicou a Lula os nomes para comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.

“Quem decide para onde eu vou são vocês; quem decide para onde as Forças Armadas vão são vocês; quem decide para onde o Congresso vai são vocês”, disse Bolsonaro aos apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada.

Para o presidente, “nada está perdido” e que é preciso fazer a coisa certa. “Diferentemente de outras pessoas, vamos vencer”, disse.

“Não é fácil você enfrentar todo um sistema”, ressaltou, repetindo o discurso que ficou conhecido desde que chegou ao Palácio do Planalto em 2018.

Bolsonaro repetiu que as Forças Armadas são o último obstáculo ao socialismo.

“As Forças Armadas estão unidas, devem lealdade ao nosso povo e devem respeito à Constituição e são responsáveis por nossa liberdade”, destacou.

Ante a falas golpistas de “eu autorizo” de apoiadores, que supostamente sugeririam uma ilegal intervenção militar que seria determinada pelo presidente da República, Bolsonaro não desautorizou a fala, mas elaborou.

“Não é ‘eu autorizo’ não, é o que ‘eu posso fazer por essa pátria’. Sou exatamente igual a vocês”, disse ele, ao acrescentar que está calado há praticamente 40 dias e isso “dói na alma”.

Em uma espécie de aval indireto a manifestações golpistas que ocorrem em frente a quartéis que cobram intervenção militar, Bolsonaro disse que há pessoas se manifestando “de acordo com as nossas leis” e que são “cidadãos de bem”.

“Se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno”, destacou.