Bolsonaro comete erros que são ignorados pelo mercado, avalia Verde Asset
O mercado financeiro pode estar iludido por um retorno da “calmaria” na Bolsa e na tendência do dólar neste início de ano eleitoral e deixando de ter uma reação natural às propostas do governo de Jair Bolsonaro que pioram as perspectivas fiscais do Brasil e que o aproximam do estilo visto nos anos de Dilma Rousseff.
“O termômetro quebrou. Com dólar caindo e bolsa subindo no ano, não há amarras para atitudes ainda mais populistas”, avalia o economista-chefe da Verde Asset, Daniel Leichsenring, em uma carta mensal enviada aos cotistas.
Ou seja, o mercado parece sugerir que não existe qualquer problema fiscal no Brasil, que vai tudo muito bem, a dívida pública (uma das maiores entre os países emergentes, senão a maior, e com a taxa de juros mais alta) não é um problema, nem o déficit público de 8% do PIB. Há “excesso de arrecadação”.
“O governo Bolsonaro chega ao fim de maneira praticamente indistinguível do governo Dilma do ponto de vista econômico, bem como o ministro da Economia converge para o ministro da Fazenda que gerou o maior desastre econômico de que se tem registro. De maneira semelhante, é chocante ver o silêncio das associações de classe empresariais sobre essas desonerações”, aponta.
Ele ressalta, ainda, que quando o fiscal explodir, todos no barco afundarão. “E o que entristece é que quando isso ocorrer, estarão de volta a Brasília a pleitear ajuda para salvá-los da crise!”, analisa.
Leichsenring calcula, por exemplo, que a eliminação do PIS/COFINS e CIDE sobre todos os combustíveis e energia elétrica, haveria o custo anual da ordem de R$ 70 bilhões. Já eliminar o IPI custaria outros R$ 75 bilhões ao ano, e se a “farra” se estender ao ICMS, mais R$ 110 bilhões ao ano. Com isso, a desoneração seria da ordem de 1% do PIB, e no máximo, de 3% do PIB.