Política

Bolsonaro envia áudio a caminhoneiros pedindo para que suspendam bloqueios

09 set 2021, 7:15 - atualizado em 09 set 2021, 7:15
Jair Bolsonaro
No áudio, Bolsonaro diz ainda que cabe a ele negociar com autoridades para resolver o problema da categoria, mas não cita especificamente o preço dos combustíveis (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Depois que mobilizações de caminhoneiros, insufladas por bolsonaristas, provocaram o bloqueio de estradas em pelo menos 14 Estados, o presidente Jair Bolsonaro enviou um áudio pedindo ao grupo que suspenda as paralisações porque podem provocar inflação e prejudicar a economia.

“Fala para os caminhoneiros aí, são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia, isso provoca desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo, especialmente os mais pobres. Então dá um toque aí nos caras, se for possível, para liberar, tá ok, para a gente seguir a normalidade”, disse o presidente em um áudio enviado por mensagem a interlocutores da categoria.

Pouco depois, em vídeo divulgado nas redes sociais, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou a autenticidade do áudio de Bolsonaro.

“O áudio é real, é de hoje, e mostra a preocupação do presidente com a paralisação. Essa paralisação ia agravar efeitos na economia de inflação que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis”, disse Tarcísio.

“A gente sabe que há uma preocupação de tentar resolver problemas graves no país, mas a gente não pode tentar resolver um problema criando outro. Eu peço a todos que ouçam atentamente a palavra do presidente”, acrescentou.

Na noite desta quarta-feira, o Ministério da Infraestrutura informou que às 22h30 havia pontos de retenção em estradas de 16 Estados, o dobro do registrado no final da tarde. Em 13 desses, havia abordagem a outros caminhões para que aderissem ao movimento. Pontos de bloqueio total, encontrados no Rio Grande do Sul, já teriam sido liberados.

“O áudio é real, é de hoje, e mostra a preocupação do presidente com a paralisação. Essa paralisação ia agravar efeitos na economia de inflação que ia impactar os mais pobres, os mais vulneráveis”, disse Tarcísio (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

Os protestos dos caminhoneiros, aliados do governo, começaram um dia depois das manifestações do 7 de Setembro. Em Brasília, o ato, patrocinado pelo presidente, foi marcado por presença significativa de caminhões na esplanada dos ministérios, sendo que muitos permaneceram no local ainda na quarta-feira.

Para além das pautas colocadas pelo próprio presidente –impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes e defesa do voto impresso– os caminhoneiros colocaram também as suas, centradas na queda do preço dos combustíveis.

Em redes bolsonaristas, aparecem várias manifestações contra o preço dos combustíveis, mas comprando a versão de Bolsonaro, de que o alto custo seria culpa basicamente do ICMS, imposto cobrado pelos Estados.

No áudio, Bolsonaro diz ainda que cabe a ele negociar com autoridades para resolver o problema da categoria, mas não cita especificamente o preço dos combustíveis.

“Deixa com a gente aqui em Brasília agora. Não é fácil negociar, conversar por aqui com outras autoridades, mas a gente vai fazer a nossa parte, vamos buscar uma solução para isso, tá ok? E aproveita aí e da um abraço em meu nome em todos os caminheiros, tá ok?”, disse o presidente.

Antes de se tornar mais um risco para o governo, o movimento dos caminhoneiros foi usado por bolsonaristas como o cantor Sérgio Reis como uma ameaça de parar o país para que reivindicações do grupo fossem atendidas. Em um vídeo, Reis foi filmado dizendo que os caminheiros iriam parar o país até que o Senado aceitasse o impeachment de Alexandre de Moraes.