Bolsonaro diz que seu governo reduziu multas ambientais para trazer “paz ao campo”
O presidente Jair Bolsonaro afirmou, neste sábado, em fala para criadores de gado, que seu governo optou por diminuir as multas ambientais aplicadas a produtores para trazer mais “paz e tranquilidade”, e voltou a criticar movimentos sociais por causaram “terror” no campo.
“Os senhores também, no nosso governo, tiveram uma participação do Ibama e do ICMBio sem agressões. A quantidade de multa caiu bastante porque nós preferimos entrar pelo lado, primeiro, do aconselhamento, das observações. Em último caso, a questão das ‘multagens’. Isso diminuiu bastante no campo e trouxe mais paz e tranquilidade para o produtor rural”, disse Bolsonaro em uma fala para a versão virtual da Expozebu, feira organizada pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu.
A queda na quantidade de multas é criticada por ambientalistas como reflexo, na verdade, da perda de capacidade de atuação do Ibama. Desde 2019, o Brasil tem voltado a bater recordes de desmatamento ilegal. Os números mais recentes, de agosto de 2019 a julho de 2020, mostram que a Amazônia perdeu 11.088 quilômetros quadrados de floresta, maior número dos últimos 12 anos.
Nesse momento, o governo brasileiro tenta obter recursos de outros países e de investidores internacionais para financiar programas de controle do desmatamento e desenvolvimento sustentável da Amazônia. No entanto, as negociação não avançaram justamente pelo ceticismo, especialmente dos Estados Unidos, com as propostas brasileiras.
Na fala aos criadores, Bolsonaro também voltou a dizer que o governo teria conseguido tirar o fôlego do Movimento Sem Terra, mas demonstrou preocupação com outros movimentos sociais, a quem acusou de causar “terror” a produtores.
“Tivemos então a perspicácia de buscar minar os recursos para o MST. Acabamos com o repasse de ONGs para eles, eles perderam bastante força e deixaram de levar o terror para o campo”, disse, acrescentando que outros movimentos, como a Liga dos Camponeses Pobres, estão ocupando esse espaço.
“Nós temos um foco mais grave do que os malefícios causados pelo MST. Em Rondônia, a LCP tem levado terror no campo naquele Estado,” afirmou, dizendo que tem conversado com o governador do Estado, Marcos Rocha, para encontrar uma maneira de “conter o terrorismo da LCP”.
Bolsonaro disse ainda que não irá regulamentar a Proposta de Emenda Constitucional que prevê o confisco de propriedade de produtores condenados por manter trabalhadores em situação análoga à escravidão. Mais do que isso, afirmou que pretende rever a PEC.
“Quando o momento se fizer oportuno, melhor, juntamente com a Tereza Cristina (ministra da Agricultura), que está do meu lado aqui, nós devemos sim rever a emenda constitucional 81, de 2014, que tornou vulnerável a questão da propriedade privada”, disse. “É uma emenda que não foi regulamentada e com toda certeza não será regulamentada em nosso governo. Nós precisamos alterar isso que foi feito em 2014 tornando vulnerável a questão da propriedade privada.”