Bolsonaro diz que Leite está “se achando o máximo” após se declarar gay
O presidente Jair Bolsonaro criticou na manhã desta sexta-feira a fala do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), um dos pré-candidatos do partido ao Palácio do Planalto em 2022, que se declarou gay em entrevista à TV Globo veiculada na noite de quinta-feira.
Em conversa com apoiadores transmitida pelas redes sociais, Bolsonaro disse, em tom de ironia, que o tucano está “se achando o máximo”, já tem um “cartão de visita” para sua candidatura ao Planalto e ainda o acusou de querer “impor o seu costume”.
“O cara ontem –não vou falar aqui não– está achando que é o máximo, se achando o máximo, se achando o máximo, né? Olha, bateu no peito, eu assumi. É o cartão de visitas para a candidatura dele”, disse o presidente.
“Nada contra, ninguém tem nada contra a vida particular de ninguém, agora querer impor o seu costume, o seu comportamento para os outros, não”, emendou o presidente.
Ao contrário do que Bolsonaro disse a apoiadores, durante a entrevista Leite não fez uma defesa de sua orientação sexual sobre as demais. Na fala, o governador gaúcho declarou: “Sou um governador gay, não sou um gay governador.”
Bolsonaro é conhecido por fazer piadas e declarações homofóbicas. Em relação a Leite, por exemplo, disse que o governador pode ter “enfiado em outro lugar” os recursos enviados ao Rio Grande do Sul pelo governo federal para o combate à pandemia.
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A declaração levou o governador gaúcho –que declarou voto em Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial de 2018, mas tornou-se crítico do presidente durante a pandemia– a interpelar o presidente no Supremo Tribunal Federal.
Quando era deputado federal, Bolsonaro defendeu que um pai agrida fisicamente um filho caso ele comece a “ficar assim meio gayzinho” para alterar seu comportamento e chegou a dizer que preferia um filho morto em um acidente do que um filho homossexual.
Na entrevista ao programa Conversa com Bial, da TV Globo, Leite disse que jamais havia falado sobre sua orientação sexual, por entender se tratar de um assunto privado, mas afirmou ver necessidade de abordar o tema diante do cenário atual vivido pelo Brasil.
“Eu nunca falei sobre um assunto que eu quero trazer pra ti no programa, que tem a ver com a minha vida privada e que não era um assunto até aqui porque se deveria debater mais o que a gente pode fazer na política, e não exatamente o que a gente é ou deixa de ser”, disse.
“Mas nesse Brasil, com pouca integridade neste momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder. Eu sou gay. Eu sou gay. E sou um governador gay, e não um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso”, acrescentou ele na entrevista.
Leite, de 36 anos, disputará as prévias do PSDB que definirão o candidato do partido à Presidência no ano que vem, marcadas para novembro. Além dele, também devem disputar a indicação tucana ao Planalto o governador de São Paulo, João Doria; o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.