Bolsonaro diz a paraquedistas que eles são os verdadeiros guardiões da Constituição
O presidente e pré-candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira que está pronto para lutar contra aqueles que desejam levar o país ao obscurantismo e disse a um grupo de paraquedistas presente em uma cerimônia que eles são os “guardiões de verdade” da Constituição.
“A brigada paraquedista em momentos difíceis sempre se fez presente lutando contra aqueles que queriam roubar a nossa liberdade“, disse Bolsonaro em formatura de mais de 800 militares da Marinha e Exército que receberam brevê para se tornarem paraquedistas, em evento no Rio de Janeiro.
“Muitos aqui paraquedistas num passado recente deram sangue e sua vida pela nossa democracia e nossa liberdade. Vocês são os guardiões de verdade da nossa Constituição e sabem qual o rumo o Brasil deve se dirigir para o bem de todos nós“, acrescentou o presidente, ele mesmo um ex-paraquedista.
Bolsonaro diversas vezes já disse que os militares são os guardiões da democracia e sugeriu, assim como outros integrantes do governo e aliados, que as Forças Armadas seriam uma espécie de Poder moderador no país, numa interpretação equivocada do artigo 142 da Constituição.
No evento que contou com a presença do ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ambos generais da reserva, Bolsonaro disse que “estamos prontos para defender nossa pátria contra aqueles que queiram nos arrastar para obscurantismo“, numa possível alusão a seus adversários políticos.
Bolsonaro aparece em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em vários momentos, nos últimos meses, o presidente tem defendido que uma vitória de Lula seria desastrosa para o país.
Mais cedo, em Pirassununga (SP), o presidente disse que os militares têm o compromisso de se preparar para uma possível agressão interna.
Sem dar detalhes sobre qual agressão interna seria possível no país, Bolsonaro fez as declarações durante solenidade de entrega de espadins aos cadetes da Força Aérea Brasileira, no primeiro dos dois eventos oficiais do dia com integrantes das Forças Armadas.
“Alguns vendilhões se associam a outros de fora para nos escravizar. Nós militares, todos, vocês jovens cadetes que receberam o espadim há pouco, nós todos fizemos um juramento, dar a vida por nossa pátria, se preciso for”, disse em Pirassununga.
“E esse dar a vida não é por possíveis agressões de fora, em especial, por agressões internas. Temos esse compromisso, temos de nos preparar dia a dia para essa possibilidade. Vivemos em paz, temos um país democrático e seu povo ama e respira a liberdade”, emendou ele.
Comandante-em-chefe das Forças Armadas e ex-capitão do Exército, Bolsonaro mantém militares da reserva em postos-chave do governo e tem buscado reforçar sua imagem de proximidade com a caserna.
Autor de frequentes alegações falsas sobre as urnas eletrônicas, Bolsonaro tem tido o apoio de integrantes da cúpula das Forças Armadas para questionar o processo eleitoral dizendo que haveria fragilidades no sistema de votação, sem no entanto apresentar provas.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já mostrou que os questionamentos apresentados pelos militares são de natureza técnica e boa parte deles será atendido para as eleições deste ano.
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