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Bolsonaro ronda Petrobras com impacto na gasolina após ataque dos EUA no radar

03 jan 2020, 13:53 - atualizado em 03 jan 2020, 13:53
Combustível
Bolsonaro admitiu que a ação dos EUA vai impactar o preço do petróleo no mercado internacional, o que pode repercutir no Brasil (Imagem: Reuters/Ricardo Moraes)

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que tentou falar com o presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Roberto Castello Branco, sobre uma possível alta de combustíveis no país devido ao ataque dos Estados Unidos que matou o general Qassim Suleimani, comandante da força de elite iraniana Quds, mas não conseguiu.

Na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro admitiu que a ação dos EUA vai impactar o preço do petróleo no mercado internacional, o que pode repercutir no Brasil. “Que vai afetar, vai”, disse ele a jornalistas.

O presidente disse ainda que não pode intervir no preço do combustível e destacou que, quando foi feito no passado uma política de tabelamento de preços, não deu certo.

Anteriormente, a Petrobras acumulou prejuízos ao não repassar para o mercado interno a alta das cotações externas.

Bolsonaro também voltou a defender a quebra do que chamou de “monopólio” no setor de combustíveis, além de mudanças na cobrança do tributo estadual ICMS como forma de baratear o preço dos derivados de petróleo.

“A questão do combustível, temos que quebrar o monopólio. A distribuição é a coisa que mais pesa no combustível”, afirmou.

A Petrobras, que detém um monopólio no refino de combustíveis no Brasil, está vendendo aproximadamente metade de sua capacidade, como forma de concentrar seus investimentos no pré-sal e reduzir a dívida.

Já a maior fatia do setor de distribuição de combustíveis é dominada por algumas grandes empresas, como BR Distribuidora, Raízen e Ipiranga, mas o segmento de revenda (postos) é bastante pulverizado no país.

Procurada para comentar o assunto, a Petrobras não se manifestou de imediato.

Preocupação Legitima 

Edmar de Almeida, professor do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador do Instituto de Energia da PUC, ponderou à Reuters que a declaração do presidente mostra sensibilidade em relação a uma questão cara para o seu eleitorado, principalmente os caminhoneiros.

No entanto, o especialista frisou que já está amadurecendo no Brasil a avaliação de que qualquer ação do governo para minimizar impactos “não pode ser às custas do mercado e das empresas”.

Segundo Almeida, uma solução precisa partir de uma política associada aos impostos, inclusive estaduais e municipais.

“O presidente tem direito de ficar preocupado com o preço do combustível, aliás, deveria ficar preocupado… O que vai fazer com essa preocupação que é o problema”, destacou, apontando ser necessário a criação de um mecanismo que permita aliviar impostos em momentos de alta de preços, sem prejudicar a arrecadação.

Para Almeida, a tensão no Oriente Médio é uma das questões que vem contribuindo com a sustentação dos preços, mesmo em um cenário de demanda fraca. “Esse fato de hoje foi importante em um cenário de deterioração das relações entre o Ocidente e o Oriente Médio”, afirmou.

O presidente Bolsonaro disse também que vai conversar com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, sobre a operação dos Estados Unidos no Iraque que matou Suleimani para então opinar sobre o assunto.

EUA, Davos e Índia

Bolsonaro afirmou ainda na entrevista que vai em fevereiro aos Estados Unidos para visitar empresários que vão lhe apresentar uma possível solução energética para o Estado de Roraima, que não está conectado ao sistema elétrico nacional.

Ele disse que buscará solução para o abastecimento de energia de Roraima, que atualmente se vale principalmente de termelétricas enquanto aguarda a construção de uma linha de transmissão que deverá passar por reserva indígena.

O presidente disse também que neste mês está prevista sua ida ao Fórum Econômico Mundial de Davos e, posteriormente, uma viagem à Índia.

Ele destacou que a Índia é um país que tem um comércio enorme e está interessado em abrir mais portas para o Brasil.

Bolsonaro afirmou que está à disposição de conversar com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez, com quem teve desentendimentos públicos desde a corrida eleitoral do país vizinho.

Jair Bolsonaro
Bolsonaro afirmou ainda na entrevista que vai em fevereiro aos EUA para visitar empresários que vão lhe apresentar uma possível solução energética para o Estado de Roraima (Imagem: Antonio Cruz/ Agência Brasil)

Ele destacou que há um bom comércio entre os dois países em várias áreas.

“Espero que as medidas que estão tomando lá de sobretaxar a exportação de grãos e o trigo também não valha para nós”, ressalvou.

O presidente disse ainda que não está previsto um encontro entre ele e Alberto Fernandez, mas mostrou-se simpático à aproximação.

“Não está previsto, mas não me furtaria. Se quiser falar comigo, eu o receberia com todas as honras que um chefe de Estado merece”, frisou.

Na saída da entrevista, Bolsonaro afirmou que iria visitar a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que está no hospital após passar por um procedimento cirúrgico.

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