Mercados

Bolsonaro conduz reação positiva do Ibovespa e do dólar no pós-eleições

03 out 2022, 11:15 - atualizado em 03 out 2022, 11:50
Ibovespa
Ibovespa dispara 4% e dólar derrete mais de 3%, no dia seguinte ao resultado das eleições no primeiro turno (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Jair Bolsonaro (PL) conseguiu levar a disputa presidencial para o segundo turno colado ao rival Luiz Inácio Lula da Silva (PT), contrariando o que apontavam as principais pesquisas eleitorais. E o mercado financeiro doméstico celebra esse resultado.

Por volta das 11h, o Ibovespa disparava 4%, reavendo a faixa dos 114 mil pontos. Já o dólar derretia 3%, cotado abaixo de R$ 5,25.

Mas os méritos do candidato à reeleição não pararam por aí. Basta ver a expressiva base de aliados do atual presidente que foram eleitos nos estados e no Congresso.

Essa composição anima os investidores, em meio às apostas de uma agenda mais liberal em um eventual segundo mandato de Bolsonaro. 

“Há um novo cenário econômico e político na mesa de agora em diante”, resume o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Para ele, a configuração do segundo turno frustrou o PT.

Com isso, os ativos locais parecem já ter escolhido seu candidato no próximo dia 30. E isso tende a manter o foco do Ibovespa e do dólar no segundo turno das eleições.

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Segundo turno ‘em aberto’

De um modo geral, a disputa deve ser acirrada. Ainda assim, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa a segunda rodada da corrida presidencial em desvantagem.

Afinal,  o PT já tinha montado palanque na Avenida Paulista e preparado o discurso de vitória em primeiro turno. Com isso, a liderança do petista nas urnas no domingo (2) foi uma vitória de Pirro.

“Lula venceu o primeiro turno e vai com ampla vantagem para o segundo, mas cresce a chance de Bolsonaro vencer”, avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. 

Até porque, o placar mais acirrado no primeiro turno deixa o cenário para o segundo turno “em aberto”. “A eleição presidencial acabou sendo muito mais apertada do que as pesquisas apresentaram, mas ainda será um segundo turno bastante disputado”, comenta o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa.

Vale lembrar que a distância entre Lula e Bolsonaro foi inferior a cinco pontos, segundo o resultado oficial do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Enquanto isso, as principais pesquisas eleitorais chegaram a indicar 10 pontos de vantagem do petista, deixando a possibilidade de vitória já no primeiro turno.

“Essa menor distância entre os candidatos deve dar impulso à campanha de Bolsonaro”, avalia o estrategista-chefe da Ajax Asset, Rafael Passos.

‘Onda Bolsonaro’ é favorável 

Mas não é apenas o desempenho do atual presidente que fortalece a chance de reeleição. Bolsonaro também teve mérito na forte onda no Congresso. E isso traz alguns aspectos positivos, principalmente do lado fiscal. 

“As reformas ganham força”, resumiu ontem à Reuters Ricardo Lacerda, presidente do banco BR Partner. Para ele, já era esperado um “forte rali” do Ibovespa hoje, uma vez que a votação do presidente foi a grande surpresa dessas eleições. 

Além disso, Bolsonaro também teve vitórias importantes de aliados para os governos estaduais e para o Senado. “A bancada da Câmara também apresenta uma força relevante da direita e centro-direita”, emenda Kawa. 

De um lado, essa composição reduz o risco de um eventual governo Lula ser excessivamente à esquerda, diante da enorme oposição. Por outro, o Congresso mostra que a governabilidade do próximo presidente dependerá de alianças com o chamado “Centrão”, o que favorece Bolsonaro. 

“A força dos partidos de direita no Congresso sinaliza uma melhor governabilidade no caso de vitória do atual presidente”, comenta Passos, da Ajax Asset. Para ele, isso também significa que a agenda de reformas pode avançar com maior celeridade.

Risco eleitoral é menor

Ainda que Bolsonaro tenha um trabalho árduo para reverter o resultado do primeiro turno, em que Lula se apresentou em primeiro colocado, o candidato à reeleição entra no segundo turno altamente competitivo. “Para Bolsonaro, a vida ficou mais fácil”, avalia o economista da Infinity. 

O temor é de que segundo turno seja um cenário de anti bolsonarismo e antipetismo. Porém, a força aglutinada por Bolsonaro tende a evitar uma guinada na economia, com reversão das reformas ou mesmo a revogação imediata do teto dos gastos. “Mesmo a campanha petista deve buscar o centro no discurso e no programa”, finaliza Vieira.

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