Internacional

Bolsonaro cancela ida a homenagem nos EUA após boicote de patrocinadores

03 maio 2019, 20:40 - atualizado em 03 maio 2019, 21:56
Presidente cancela ida a homenagem nos Estados Unidos após protestos, inclusive do prefeito de Nova York (Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro cancelou a ida a Nova York, nos Estados Unidos, onde participaria de evento em que seria homenageado como “Personalidade do Ano de 2019”.

A homenagem foi proposta pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. A viagem estava prevista para este mês. Com a decisão, o presidente também cancelou agenda em Miami.

Em nota, o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, diz que Bolsonaro agradece a homenagem proposta.

“Entretanto, em face da resistência e dos ataques deliberados do prefeito de Nova York [Bill de Blasio] e da pressão de grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem em suas instalações o evento anualmente, ficou caracterizada a ideologização da atividade”, destaca o porta-voz.

Entenda o caso

A escolha de Bolsonaro como um dos homenageados em 2019 levou à reação de movimentos sociais, que prometiam fazer protestos em frente ao local que sediar o evento.

A frente do movimento de resistência está o próprio prefeito de Nova York, Bill de Blasio, que já chegou a pedir o cancelamento da festa e o chamou de “racista e homofóbico”.

O evento para homenagear Bolsonaro sofreu pressão de movimentos a favor da causa LGBT. Ativistas contra a cerimônia acusam o presidente brasileiro de ser “homofóbico”, principalmente após ele afirmar na semana passada que queria impedir que o Brasil fosse um “paraíso do turismo gay”.

“Se alguém ‘quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade’. ‘O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias”, disse o presidente brasileiro.

Bolsonaro também vetou recentemente a divulgação de uma campanha publicitária do Banco do Brasil (BBAS3) que defendia a diversidade. A peça era estrelada, entre outros, por negros, tatuados e transexuais.

Antes de assumir a Presidência, Bolsonaro já havia dito que preferia que seu filho morresse a ser gay e que casais do mesmo sexo que vivem em um prédio de apartamentos podem causar a queda dos preços das casas.

Boicote em crescimento

Inicialmente duas instituições se recusaram a receber o evento. O primeiro foi o Museu de História Natural, que, ao saber que Bolsonaro seria homenageado, decidiu cancelar o aluguel de seu salão de festas para os organizadores. Dias depois, o mesmo foi feito pelo Cipriani Hall.

A companhia aérea Delta foi a primeira empresa a anunciar, em 30 de abril, que desistiu de patrocinar o evento. A empresa não comentou a decisão.

Depois, de acordo com a rede de televisão americana CNN, a consultoria Bain & Company também cancelou o apoio ao evento. “Encorajar e celebrar a diversidade é um valor central para a Bain”, escreveu a consultoria em nota.

Ontem foi a vez do jornal britânico Financial Times, sem comentar a decisão. Um porta-voz do jornal, citado em reportagem do The Guardian, confirmou que deixaria de ser um parceiro de mídia para a cerimônia de homenagem a Bolsonaro, mas acrescentou que pretendia “manter uma parceria com a Câmara de Comércio Brasil-EUA” em outros eventos.

Ainda nesta sexta-feira, para cobrir a lacuna de patrocinadores, o Banco do Brasil teve a participação cogitada como um dos apoiadores do evento, mesmo após as questões recentes envolvendo a direção de marketing da instituição financeira.

Muitas multinacionais, incluindo bancos como Morgan Stanley, Santander e HSBC, continuam listadas como patrocinadores do evento.

Turismo gay no Brasil

Criticado por Bolsonaro, turismo gay cresceu 11% no Brasil, segundo informou reportagem do jornal O Globo. O setor, que gera receitas de US$ 218 bilhões no mundo, avançou mais no país do que o turismo geral em 2017.

*Com informações da Agência Brasil

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