Bolsonaro bloqueia críticos em redes sociais, diz grupo de direitos humanos
O presidente Jair Bolsonaro está bloqueando seguidores que o criticam nas redes sociais, violando os direitos de liberdade de expressão e de acesso à informação dessas pessoas, disse o grupo de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch nesta quinta-feira.
O HRW disse ter identificado 176 contas que foram bloqueadas por Bolsonaro, incluindo de jornalistas, membros do Congresso e influenciadores das redes sociais com mais de 1 milhão de seguidores.
As redes sociais têm sido um meio-chave de comunicação pública de Bolsonaro, ajudando-o a eleger-se presidente em 2018 e a interagir com apoiadores. Ele tem 6,9 milhões de seguidores no Twitter, 14,2 milhões no Facebook e 18,6 milhões no Instagram.
“O presidente Bolsonaro usa suas redes sociais como um importante meio de comunicação pública e de interação com a população”, disse Maria Laura Canineu, diretora para Brasil da Human Rights Watch.
“Mas ele está tentando eliminar de suas contas pessoas e instituições que dele discordam para transformá-las em espaços onde apenas aplausos são permitidos. É parte de um esforço mais amplo para silenciar ou marginalizar os críticos”, acrescentou.
A assessoria de imprensa da Presidência da República não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Como presidente, Bolsonaro tem usado as redes sociais para realizar anúncios oficiais, comentar sobre questões de política externa e atacar seus oponentes.
Pessoas bloqueadas por ele não podem comentar em suas publicações, o que as impede de participar do debate público e faz com que jornalistas não possam fazer perguntas, violando a liberdade de imprensa, disse a HRW.
Em abril e junho, o grupo publicou mensagens nas suas contas brasileiras de Twitter, Facebook e Instagram perguntando aos usuários se Bolsonaro os havia bloqueado. Mais de 400 responderam que sim, a vasta maioria no Twitter. Entre esses, 176 forneceram fotos de suas telas mostrando seus nomes de usuário. A maioria disse ter sido bloqueada depois de fazer publicações com críticas ao governo.
Entre as contas bloqueadas estão as da Anistia Internacional, do Repórteres Sem Fronteiras e da Human Rights Watch.
Em um processo judicial envolvendo o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, um tribunal norte-americano determinou em 2019 que uma autoridade pública não pode bloquear pessoas nas redes sociais usadas para tratar de assuntos oficiais somente devido à manifestação de posições das quais a autoridade discorda.