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Bolsonaro adiciona autoritarismo e desânimo à “década sombria”, sugere jornalista da The Economist

24 jun 2021, 12:38 - atualizado em 25 jun 2021, 12:57
Brasil The Economist
“A década sombria do Brasil”, capa do relatório especial que a The Economist fez do Brasil (Imagem: Reprodução/The Economist)

A The Economist foi bastante criticada por muitos que viram o exagero no dossiê sobre o Brasil que rendeu a famosa capa de novembro de 2009, “Brazil takes off “(O Brasil decola). Mas estava claro no texto que o voo de cruzeiro só aconteceria se fosse mantido os progressos de então.

Na capa da publicação britânica do último dia 5, o veredito 10 anos depois: “Brazil’s dismal decade“.

A repórter de agora, Sarah Malin, mostra como o Corcovado disparando em foguete e hoje com respiração artificial, que a “década sombria” vem dos mesmos problemas que pareciam estar mudando àquela época.

Era o meio do segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e a economia se preparava para os tempos de crise da sua sucessora Dilma Rousseff.

As reformas estruturais não aconteceram, a corrupção não foi estancada e a economia voltou a declinar, está entre as causas que a correspondente da The Economist em São Paulo volta a destacar em entrevista ao Canal Um Brasil, plataforma da FecomercioSP, que vai ao ar nesta sexta (25).

Embora o governo Bolsonaro seja responsável por apenas 2,5 anos do período retratado, a jornalista diz que o Brasil segue ainda com outros problemas endêmicos que geraram o sistema político e os privilégios da classe e das elites, “inacreditáveis”.

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Capa de 2009, cuja reportagem mostra a decolagem do Brasil (Imagem: Reprodução/The Economist)

Base, afinal, para as dificuldades de mudanças mais profundas, sem “moedas de troca”, que promovam o crescimento sustentável em meio às flagrantes e proverbiais desigualdades da sociedade.

“O Brasil é o eterno país do futuro”, provoca Sarah Malin, na entrevista a qual Money Times teve acesso com exclusividade.

O jornalista americana, que já trabalhou em El Salvador, chegou ao País uma semana antes da greve do caminhoneiros, em maio de 2018. Ali ela já percebeu, disse em um dos trechos, o que seria o “Brasil de Bolsonaro”, que usou a crise para sua caminhada vitoriosa nas eleições.

A trajetória populista, comum à América Latina, seja à direita seja à esquerda, do atual governo brasileiro também se reflete na ausência da formação de um sistema de freios e contrapesos, do termo inglês “check and balance”, que adiciona à “década sombria” o risco do autoritarismo.

Isso já havia sido notado também, lembra Sarah, em matéria da The Economist de 2018, quando os bolsonaristas criticaram a tradicional publicação tanto quanto no dossiê deste mês de junho.

Ainda com tudo isso em jogo, a repórter faz questão de destacar que as instituições brasileiras são fortes, incluindo o principal alvo do governo Bolsonaro, tanto em ações, em declarações do presidente e nas mobilizações de suas redes sociais, o Judiciário. “Um dos mais fortes e independentes do mundo”, acentua.

Junto com a imprensa, outra instituição que a surpreendeu pelo nível e abrangência do debate, Sarah Malin acredita que o Brasil tem instrumentos de controle dessas “ameaças ao sistema democrático”.

Passado isso, podendo retomar as mudanças econômica, políticas e sociais, mas talvez não nessa presidência.

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