Retrospectiva 2022

Bolsonaro: 30 frases que definem seus 4 anos como presidente do Brasil

20 dez 2022, 17:46 - atualizado em 20 dez 2022, 18:17
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Polêmico: Bolsonaro insuflou paixões de apoiadores e ira de opositores com frases politicamente incorretas (Imagem: Ag. Brasil/ Valter Campanato)

Jair Bolsonaro (PL) já prepara, literalmente, as malas para desocupar a Presidência da República. Eleito em 2018 na esteira da forte onda conservadora e lavajatista que ganhou força com as manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, o ex-capitão do Exército mobilizou a imprensa e as redes sociais com declarações polêmicas e fortes.

Para seus apoiadores e aliados políticos, essas frases representam o jeito sincero, direto e transparente do presidente, visto por eles como “um homem do povo”. Outra parte dos simpatizantes simplesmente se delicia com suas posturas politicamente incorretas, vistas como libertadoras, após anos de uma suposta “ditadura” do bom mocismo de esquerda.

Já para seus críticos e adversários políticos, a língua solta de Bolsonaro é a prova de alguém insensível às verdadeiras demandas do povo e incapaz de sentir compaixão pelos mortos na pandemia de Covid-19. As frases seriam a síntese de alguém com traços autoritários, despreparado, misógino e descolado da realidade.

Seja lá quem tenha razão, o fato é que, nestes quatro anos como presidente do Brasil, ele não passou despercebido. A coletânea de frases a seguir são um mosaico dos humores, ideias e polêmicas causadas pelo inquilino que está de saída do Palácio do Planalto. Confira

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Bolsonaro: 30 frases que retratam sua presidência

1
“Me coloco diante de toda a nação, neste dia, como o dia em que o povo começou a se libertar do socialismo, da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto.”
Quando: janeiro de 2019
Contexto: Em seu discurso no parlatório do Palácio do Planalto, já como presidente empossado, Bolsonaro enfatizou sua disposição de afastar o país de qualquer influência da esquerda. Agitando uma bandeira brasileira, o presidente encerrou o pronunciamento com o bordão que embalou os atos pelo impeachment de Dilma Rousseff e se tornou o lema da direita: “essa é a nossa bandeira, que jamais será vermelha”.

2
“O que é golden shower?”
Quando: março de 2019
Contexto: Com apenas dois meses de mandato, o presidente foi às redes sociais para criticar o comportamento dos foliões no Carnaval. As críticas foram acompanhadas de um vídeo compartilhado por Bolsonaro em que uma dupla de carnavalescos praticava… golden shower.

3
“Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade.”
Quando: abril de 2019
Contexto: Durante café da manhã com jornalistas, o presidente afirmou que o Brasil não poderia se transformar em “um país do mundo, de turismo gay”. E justificou-se, dizendo que o país tinha “famílias”, aludindo a um tema caro a conservadores e evangélicos. Em seguida, arrematou o raciocínio com a frase que soou como convite ao turismo sexual.

4
“Tudo pequenininho aí?”
Quando: maio de 2019
Contexto: Ao ser cumprimentado por um turista com traços orientais, no melhor estilo “tio do pavê”.

5
“Tá com a tua mãe.”
Quando: outubro de 2019
Contexto: Resposta dada por Bolsonaro, visivelmente irritado com um popular que lhe perguntou onde estava Fabrício Queiroz, suspeito de comandar um esquema de rachadinha nos gabinetes da família Bolsonaro e, à época, desaparecido.

6
“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar.”
Quando: março de 2020
Contexto: Em entrevista coletiva, ao minimizar a gravidade da pandemia de Covid-19.

7
“Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa.”
Quando: abril de 2020
Contexto: Numa reunião ministerial que já se tornou histórica, Bolsonaro reclamou de não contar com pessoas de confiança na estrutura da Polícia Federal para proteger amigos e familiares investigados por suspeitas de corrupção. O recado foi visto como uma bronca direta ao seu então ministro da Justiça e Segurança Pública, o ex-juiz Sergio Moro, da Lava Jato. Em seguida, o presidente fez uma ameaça velada a Moro: “Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final!”

8
“Vai pra puta que o pariu, porra! Eu que escalei o time, porra!”
Quando: abril de 2020
Contexto: Na famosa reunião ministerial em que reclamou de investigações da Polícia Federal que miravam familiares e amigos, Bolsonaro afirmou que começaria a intervir nos ministérios, caso os titulares não se alinhassem às suas bandeiras de governo.

9
“Não sou coveiro.”
Quando: abril de 2020
Contexto: Bolsonaro proferiu uma de suas frases mais marcantes, ao se recusar a comentar o aumento das mortes causadas pela pandemia de coronavírus, quando questionado por jornalistas na entrada do Palácio da Alvorada. Na época, 2.575 pessoas já haviam morrido.

10
“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre.”
Quando: abril de 2020
Contexto: Ao responder a uma pergunta de um jornalista sobre a pandemia de coronavírus, que alcançara a marca de 5 mil mortos no Brasil.

11
“Acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo.”
Quando: outubro de 2020
Contexto: Durante um discurso no Palácio do Planalto para marcar o lançamento do Programa Voo Simples, o presidente não perdeu a oportunidade de alfinetar os jornalistas que cobriam o evento, e afirmou que, ao contrário do que a imprensa afirmava, não pretendia acabar com a Lava Jato – já o tinha feito.

12
“Tem que deixar de ser um país de maricas.”
Quando: novembro de 2020
Contexto: Ao discursar durante o lançamento do programa Retomada do Turismo, Bolsonaro se exaltou ao se referir sobre a atenção dada à pandemia de Covid-19 pela imprensa, chamada de “urubuzada”.

13
“A minha vida aqui é uma desgraça, é problema o tempo todo, não tenho paz para absolutamente nada.”
Quando: novembro de 2020
Contexto: No mesmo evento do programa Retomada do Turismo, o presidente se ressentiu da falta de liberdade até para “comer um pastel” ou “tomar um guaraná”.

14
“Se tomar vacina e virar jacaré não tenho nada a ver com isso.”
Quando: dezembro de 2020
Contexto: Durante um evento em Porto Seguro (BA), Bolsonaro criticou a eficácia da vacina da Pfizer contra a Covid-19 e desencorajou a população a se imunizar.

O coro do 7 de Setembro: “Imbrochável…’

15
“Quem decide se o povo vai viver em uma democracia ou ditadura são as suas Forças Armadas.”
Quando: janeiro de 2021
Contexto: Em conversa com apoiadores no cercadinho do Alvorada, o presidente alertou para o que considerava o perigo de “volta ao socialismo” e sugeriu que as Forças Armadas foram sucateadas pelos governos de esquerda para enfraquecê-las e facilitar a tarefa.

16
“Chega de frescura. Chega de mimimi.”
Quando: março de 2021
Contexto: Ao participar de um evento em Goiás, o presidente voltou a atacar quem defendia as medidas de isolamento social para conter a pandemia de Covid-19, cuja média diária de mortes subia para perto de 4 mil.

17
“O meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa.”
Quando: março de 2021
Contexto: Em conversa com apoiadores na entrada do Alvorada, Bolsonaro criticou os governadores e prefeitos que determinaram o fechamento do comércio e restrições à circulação de pessoas para combater a pandemia de Covid-19, e afirmou que tinha poder para decretar um “lockdown nacional”, mas não o faria.

18
“Já falei que sou imorrível, já falei que sou imbrochável e também sou incomível.”
Quando: maio de 2021
Contexto: Em conversa com apoiadores no cercadinho do Alvorada, Bolsonaro respondeu desta forma a um simpatizante que perguntou como andava sua saúde. Meses depois, na comemoração do bicentenário da Independência, o presidente puxou um coro de “imbrochável, imbrochável, imbrochável”, ao discursar.

19
“Só Deus me tira daqui.”
Quando: junho de 2021
Contexto: A frase foi dita por Bolsonaro, ao negar as denúncias de corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19, apuradas pela CPI do Senado. Na época, a oposição esperava que o caso desembocasse em seu impeachment.

20
“Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer comprar.”
Quando: agosto de 2021
Contexto: Em conversa com apoiadores no famoso cercadinho do Palácio da Alvorada, o presidente defendeu o direito da população de se armar. Na mesma ocasião, Bolsonaro afirmou que “tem que todo mundo comprar fuzil, pô. O povo armado jamais será escravizado.”

21
“O povo dirá que voto tem que ser auditável, que a contagem tem que ser pública, e que o voto tem que ser impresso”.
Quando: agosto de 2021
Contexto: Ao convocar simpatizantes para realizarem atos em favor do voto impresso no Dia da Independência.

Último ato: Bolsonaro participa do desfile cívico-militar que comemorou os 200 anos da Independência, quando puxou o famoso coro de “imbrochável” (Imagem: Ag. Brasil/ Antonio Cruz)

22
“Quantas vezes eu choro no banheiro em casa? Minha esposa [Michelle Bolsonaro] nunca viu. Ela acha que eu sou o machão dos machões.”
Quando: outubro de 2021
Contexto: Em um evento promovido pela igreja Comunidade das Nações, Bolsonaro desabafou sobre o peso da Presidência da República.

23
“Lamento profundamente, mas é um número insignificante.”
Quando: janeiro de 2022
Contexto: Em resposta a jornalistas, quando questionado sobre as mortes de crianças por Covid-19, num momento em que o número total de vítimas fatais (adultos e crianças) se aproximava de 663 mil.

24
“Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Deve ter alguma paixão por mim.”
Quando: agosto de 2022
Contexto: Ao responder a uma pergunta da jornalista Vera Magalhães, no primeiro debate das eleições presidenciais, promovido pela TV Bandeirantes, TV Cultura, Folha de S.Paulo e UOL.

25
“Essas pessoas [alguns ministros do STF] trabalham aqui para eleger um bandido no Brasil.”
Quando: setembro de 2022
Contexto: Em entrevista à Jovem Pan, Bolsonaro voltou a criticar ministros do STF, a quem acusava de favorecer seu adversário na corrida eleitoral, o agora presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

26
“Pintou um clima.”
Quando: outubro de 2022
Contexto: Em uma live, Bolsonaro afirmou que, durante um passeio de moto pelos arredores de Brasília, avistou “umas menininhas, três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas” e perguntou se poderia entrar na casa das garotas. O presidente prossegue: “E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, sugerindo que as garotas seriam prostitutas.

27
“Muito obrigado, meu Deus! E, se essa for a sua vontade, estarei pronto para cumprir mais um mandato de deputado federal…”
Quando: outubro de 2022
Contexto: Ao fazer suas considerações finais no debate promovido pela TV Globo no segundo turno das eleições, Bolsonaro cometeu um ato falho, ao trocar o cargo que disputava com Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

28
“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.”
Quando: novembro de 2022
Contexto: Quase 48 horas após o TSE proclamar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno da eleição presidencial, Bolsonaro fez um curto pronunciamento em que não parabenizou o adversário, nem reconheceu a derrota. De quebra, endossou os bloqueios de rodovias realizados por caminhoneiros que o apoiavam.

29
“Proteste de outra forma, em outros locais, porque isso é muito bem-vindo e faz parte da nossa democracia.”
Quando: novembro de 2022
Contexto: Cobrado por aliados e empresários a se manifestar claramente contra o bloqueio de rodovias feito por apoiadores que rejeitavam o resultado do segundo turno, Bolsonaro gravou um curto vídeo em que pedia aos manifestantes que respeitassem o direito constitucional de “ir e vir”.

30
”Nada está perdido. Ponto final somente com a morte. Vamos vencer. Se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno”.
Quando: dezembro de 2022
Contexto: Em um breve discurso a simpatizantes nos jardins do Palácio da Alvorada, o presidente intrigou aliados e opositores, ao adotar um tom lacônico, cheio de referências às Forças Armadas e ao poder do povo de determinar o rumo do Brasil. Repisou temas que lhe são caros, como a necessidade de impedir que o socialismo avance e incentivou que as manifestações contra o resultado das eleições continuem.