Bolsas nos EUA eufóricas e Ibovespa em queda; veja o que está mexendo com os mercados nesta tarde
1 – Ibovespa recua com agenda fiscal no radar; S&P 500 ronda nível recorde
A bolsa paulista começava a segunda-feira com o Ibovespa (IBOV) em queda em meio a um viés misto nos mercados no exterior, em semana marcada por eventos político-fiscais relevantes no país, entre eles o envio ao Congresso do Orçamento de 2021 e uma esperada definição sobre a prorrogação do auxílio emergencial.
Esta segunda-feira é oficialmente o último dia para o governo entregar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2021 e fechar a previsão de receitas e despesas da União para o próximo ano.
“A incerteza sobre o conteúdo do PLOA 2021 é elevada em razão da dificuldade matemática de conciliar ex-ante todas as pressões por maiores investimentos públicos (Pró-Brasil), orçamento militar e expansão da rede de proteção social (Renda Brasil)”, afirmou o BTG Pactual em nota a clientes.
Quanto ao auxílio emergencial, o deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do bloco parlamentar conhecido como centrão, afirmou no sábado que o presidente Jair Bolsonaro anunciará terça-feira a prorrogação do benefício pago a vulneráveis e trabalhadores informais devido à pandemia de coronavírus.
Preocupações com a situação fiscal adicionaram incertezas e tolheram os efeitos positivos no Ibovespa de um ambiente favorável de estímulos monetários no exterior e no país. Com isso, o índice deve fechar agosto com o primeiro desempenho mensal negativo desde março – de cerca de 2% até o momento.
Nos EUA, o índice norte-americano S&P 500 (SPX) pairava perto de máximas recordes nesta segunda-feira, com apostas em uma recuperação econômica impulsionada pelo estímulo prolongado do Federal Reserve deixando a referência do mercado de ações dos EUA no caminho de registrar seu melhor agosto em décadas.
O compromisso do Federal Reserve em tolerar uma inflação acima de 2% e manter os juros baixos, notícias positivas sobre vacinas e tratamentos para a Covid-19 e uma recuperação nas ações com foco em tecnologia ajudaram o S&P 500 e o Nasdaq (NSXUSD) a atingir máximas recordes consecutivas nos últimos dias.
O Dow Jones ainda está 3,5% abaixo de sua máxima recorde para fechamento de 12 de fevereiro. A movimentação nos papéis de Salesforce.com, Honeywell International e Amgen, as novas participantes do índice de blue-chips, era discreta.
2 – Setor público consolidado tem déficit primário de R$ 81 bilhões em julho
A dívida bruta brasileira, considerada a principal medida da saúde fiscal do país, subiu 10,7 pontos no ano até julho, ao patamar recorde de 86,5% do Produto Interno Bruto (PIB), informou o Banco Central nesta segunda-feira.
A trajetória tem sido guiada pelo aumento explosivo dos gastos no enfrentamento à crise com o coronavírus. Mas outros fatores também têm pesado na conta.
Segundo o BC, as emissões líquidas de dívida responderam por 5,9 pontos do crescimento da dívida bruta no ano até aqui. A incorporação de juros nominais, por sua vez, foi responsável por elevação de 2,6 pontos, seguida pela desvalorização cambial acumulada (+1,4 ponto) e o efeito da variação do PIB nominal (+0,8 ponto).
3 – Ações da Energias do Brasil sobem mais de 7% após resultado
As ações da Energias do Brasil (ENBR3), que faz parte do grupo português EDP, disparavam mais de 7% na manhã desta segunda-feira (31), tendo no radar a divulgação de seu resultado no 2° trimestre de 2020. Enquanto isso, o principal índice da Bolsa operava em queda.
Mais cedo, a empresa do setor elétrico reportou um aumento de 25,5% no lucro líquido durante o 2° trimestre de 2020, somando R$ 237 milhões, ante R$ 189 milhões reportados um ano antes.
Nos primeiros seis meses do ano, a companhia lucrou 508,3 milhões, avanço de 4,9% na comparação anual.
“O primeiro semestre de 2020 foi marcado, inevitavelmente, pelo contexto de pandemia que afeta o mundo e o Brasil também. A companhia atuou de forma tempestiva, antecipando-se na implementação de medidas preventivas e dos protocolos de gestão de crise”, assegura o CEO Miguel Simões Setas no balanço trimestral divulgado.
A Energias do Brasil também informa que seu conselho de administração aprovou um programa de recompra de ações, que prevê a aquisição máxima de até 24.863.880 papéis, dentro do prazo de 18 meses.
Conforme o documento divulgado pela empresa na última sexta-feira (28), a recompra de ações visa aplicar recursos disponíveis para maximizar a geração de valor para os acionistas, uma vez que, na visão da administração da companhia, o valor atual de suas ações não reflete o real valor dos seus ativos.
4 – IRB recua após resultado
O IRB Brasil RE (IRBR3) era destaque negativo, em baixa de 5,6%, após balanço divulgado na madrugada de sábado que mostrou prejuízo líquido de 685,1 milhões de reais de abril a junho, além de aviso pela companhia de que os ajustes ainda não acabaram.
Segundo explicou a companhia no relatório, a perda refletiu sobretudo “despesas com sinistros maiores que as normais e efeito de desvalorização cambial”.
A resseguradora já havia sido levada a republicar balanços anteriores, “corrigindo distorções decorrentes da modificação intencional e sistêmica de dados operacionais”, o que reduziu o lucro de 2019 em 553,4 milhões de reais e o de 2018 em 117,2 milhões.
5 – China atrapalha plano de Trump de forçar venda do TikTok
O plano de vender as operações do TikTok nos EUA para evitar seu fechamento está ameaçado após a China afirmar sua autoridade sobre o negócio, que já está na mira do governo de Donald Trump.
Na sexta-feira, Pequim injetou mais incerteza nas delicadas negociações em torno do aplicativo de vídeos curtos da ByteDance, alegando poder bloquear uma venda a pretendentes estrangeiras como Microsoft ou Oracle ao impor restrições mais rígidas sobre a exportação de inteligência artificial.
O Ministério do Comércio acrescentou reconhecimento de voz e texto e recomendações personalizadas à lista de itens que exigem aprovação oficial antes de serem vendidos no exterior.