Mercados

Bolsas dos Estados Unidos ficam mais atraentes e baratas e podem ser opção em renda variável com eleições no Brasil

28 jun 2022, 16:37 - atualizado em 07 jul 2022, 15:28
Índices dos EUA acumulam queda em 2022 (Imagem: Shutterstock)

As bolsas dos Estados Unidos estão em queda em 2022, o que faz com que os preços de algumas ações listadas no país operem em queda, tornando-se mais baratas para o brasileiro em tempos de dólar em alta. Com isso, a atração por investimentos no exterior aumenta.

Até maio, o S&P 500 havia caído 15,9%, enquanto o Dow caia 11,3%. E, para Alex Lima, estrategista-chefe da Guide Investimentos, ainda há espaço para uma queda mais acentuada.

“Em termos de lucros, a bolsa americana não perdeu o momento no primeiro trimestre do ano. Tivemos um período forte. O setor de energia, sem muitas surpresas, foi bem devido aos preços das commodities, bancos vieram relativamente fortes, a economia veio bastante saudável”, explica. “O que vimos de preocupante é que as surpresas positivas, aquilo que se espera contra aquilo que vem, tem caído, mostrando uma perda de fôlego”, diz.

Lima afirma que “o índice americano tem perdido valor não pelo downgrade de lucro, mas, na verdade, por múltiplos”.

Segundo ele, os resultados do segundo trimestre devem ser mais negativos por uma série da fatores, como o estado da política monetária nos Estados Unidos.

O Federal Reserve (FED, análogo ao Banco Central brasileiro) aumentou a taxa de juros do país, indo de 0,25% em 2020 para 1,75% neste mês. Segundo a instituição, a taxa deve aumentar mais em sua próxima reunião em julho.

“Esse aperto monetário está começando, mas foi o suficiente para apertar a economia dos EUA. Agora temos basicamente dois motores de valores da Bolsa: a avaliação de mercado, afetada pelos juros mais altos, e os lucros, que também estão passando por mudanças, que devem ser mais fortes no segundo trimestre”, diz Lima. “Com todo o modelo de recessão começando a apitar, provavelmente vamos ter uma variação de lucros negativa, aí vamos ter uma bolsa mais barata”, conclui.

O especialista afirma que é nesse momento que os brasileiros podem pensar em oportunidades de investimento no exterior para o segundo semestre do ano, que tende a ser mais complicado no Brasil pelas eleições presidenciais — mas com parcimônia, afinal de contas, segundo ele, “o momento nos EUA também é complicado”.

“De maneira geral, o índice norte-americano vai ficar mais barato. As big techs são uma boa oportunidade, principalmente as mais estabelecidas, como a Apple (AAPL; AAPL34), cuja ação pode ficar mais barata com a desvalorização dos preços”, diz. “De repente vamos ter projetos que caíram 80%, 90% — e algumas dessas empresas vão sobreviver. É bom olhar para os Estados Unidos, ainda mais com o setor político brasileiro — porque as pessoas estão desanimadas com o Brasil.” 

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