Mercados

Bolsas de NY: resistência do núcleo da inflação é ruim para investidores nos EUA e aqui

13 set 2022, 11:29 - atualizado em 13 set 2022, 12:13
Dólar
Bolsas de NY caem forte, após dado frustrante de inflação (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo)

Os índices acionários de Nova York abrem em forte queda nesta terça-feira (13), repercutindo dados da inflação do mês de agosto mais agressivos do que inicialmente esperados.

Por volta das 10h45, o Dow Jones operava em queda de 1,80%,  o S&P 500 perde 2,17% e o Nasdaq cai 3,04%.  A abertura negativa dá o tom para um pregão marcado por aversão ao risco, rompendo uma sequência de três resultados positivos para os índices de Nova York.

O CPI de agosto trouxe uma aguardada notícia: o  preço da gasolina recuou 10,6%. No entanto, a queda significativa dos combustíveis, e também do índice de energia em 5%, não foi suficiente para barrar um aumento de 0,1% na conta global do índice em agosto. A expectativa do mercado, na verdade, era de uma deflação de 0,1% no índice.

O problema é que as demais categorias que compõem o CPI registraram aumento, ou um decréscimo aquém do esperado. Entre os destaques da alta estão a assistência médica (+0,8% mensal), alimentos (+0,8% mensal) e gastos com aluguel (+0,7% mensal).

Já entre as quedas mais brandas do que as esperadas consta as passagens aéreas, que caíram apenas 4,6%.

No final de contas, o núcleo da inflação — que desconta preços voláteis de energia e alimentos – subiu 0,6% em agosto, acumulando uma alta anual de 6,3% e dá a ‘desculpa perfeita’ para uma instância mais agressiva do Fed.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por que a inflação lá é má notícia aqui

O aumento da inflação em agosto consolida margem para um incremento de 0,75 p.p na taxa de juris na próxima reunião do Federal Reserve. Abriu-se até mesmo margem, como mostra as apostas do Fed Funds, para um drástico aumento de 1,0 p.p na taxa base de juros.

O aumento da taxa de juros nos Estados Unidos retira liquidez dos mercados em Wall Street, mas também para investidores brasileiros.

Isso ocorre à medida que títulos da dívida americana, mais seguros, se tornam mais atrativos para os investidores do que os mercados acionários, conforme expressado pelo súbito avanço das T-bills de 2 anos nesta manhã cujos rendimentos renovam máximas de 14 anos.

A ação do Fed, capaz de gerar desaceleração do crescimento e incertezas econômicas, também acaba fortalecendo o dólar ante o real, comprometendo o fluxo estrangeiro na B3.

Em resposta a esses fatores, o Ibovespa experimenta queda de quase 1% no dia de hoje, quebrando à expectativa nutrida desde sexta-feira por um CPI americano neutro ou positivo.

Siga o Money Times no Instagram!