Mercados

Bolsa brasileira tem diamantes ‘a preço de vidro’, diz CIO da Trígono Capital

15 jan 2025, 19:33 - atualizado em 15 jan 2025, 19:34
_onde investir 2025 acoes trigono btg empiricus
Roger participou de um painel sobre investimentos em ações, ao lado de Bruno Lima, analista sênior do BTG Pactual, e Larissa Quaresma, analista da Empiricus. (Giovanna Melo/ Money Times)

Formadores de preço estão “demasiadamente pessimistas” e a bolsa está mal avaliada, segundo o CIO da Trígono Capital, Werner Roger. “Nós estamos precificando o mercado acionário a preço de vidro, que basicamente é a questão fiscal, mas temos vários diamantes [entre as ações]”, disse durante o “Onde Investir 2025“, evento promovido pelo Seu Dinheiro, com apoio do Money Times

Roger participou de um painel sobre investimentos em ações, ao lado de Bruno Lima, analista sênior do BTG Pactual, e Larissa Quaresma, analista da Empiricus. O evento, que acontece nesta semana com transmissão no canal do Youtube do Seu Dinheiro, também tem painéis sobre macroeconomia, renda fixa, criptomoedas e mercado internacional.

O CIO da Trígono Capital chamou a atenção para a força do agronegócio, um setor que, segundo ele, deve continuar impulsionando a economia brasileira e oferecendo oportunidades para o investidor em meio a um cenário de juros altos.

Os dividendos, nesse contexto, também emergem como uma importante fonte de renda para o investidor, disse. Enquanto o mercado se ajusta e a economia busca retomar o ritmo de crescimento, receber uma parcela dos lucros das empresas ajuda a atravessar o período de volatilidade, ponderou.

“Se eu não ganho apreciação de capital, o meu fluxo de caixa no meu bolso está garantido e muito parecido com a Selic”, disse Roger.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Dividendos e baixo endividamento

A estratégia de buscar empresas com alto dividend yield e baixo endividamento encontra respaldo nos três especialistas. Essa é uma forma de proteger o capital em momentos de incerteza, disseram, garantindo um fluxo de renda constante e se posicionando para capturar as oportunidades de valorização que surgirem no futuro.

Para o analista sênior de ações do BTG Pactual, Bruno Lima, as empresas brasileiras estão, em geral, menos alavancadas do que em ciclos anteriores de alta de juros, o que as deixa mais preparadas para enfrentar esse período turbulento.

Lima ressaltou a importância de observar o duration, ou seja, o prazo médio das dívidas das empresas, para avaliar sua capacidade de enfrentar o cenário de juros altos. “Empresas que vão eventualmente precisar se refinanciar em um prazo de tempo menor vão acabar enfrentando um mercado de capitais mais desafiador. Para empresas que estão com seu prazo médio mais alongado, o cenário é menos complexo”, explica.

Durante o painel, os especialistas disseram que a alta dos juros e as incertezas fiscais são os principais desafios para o mercado acionário em 2025. A taxa Selic, que deve terminar o primeiro trimestre em 14,25%, aumenta o custo do crédito para as empresas e impacta negativamente o consumo.

O cenário fiscal, com a trajetória da dívida pública em alta e a necessidade de medidas para reequilibrar as contas do governo, também gera apreensão entre os investidores, disseram.

Para Larissa Quaresma, analista da Empiricus, a economia real sentirá o efeito de juros mais altos, dólar elevado e inflação pressionada, criando um cenário desafiador para o crescimento de lucro corporativo. A questão, segundo ela, é o que está no preço – a dinâmica pessimista já está precificada, disse.

“Olhando para o retorno de longo prazo do investidor de bolsa, o valuation na entrada é crucial. Pagando barato hoje, é possível garantir um retorno interessante a longo prazo. A diferença entre pagar barato e uma armadilha de valor está no horizonte dilatado. Quem compra hoje precisa ser seletivo e ter paciência para um período maior de tempo”.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com revista Veja, Estadão, entre outros.