Ibovespa sobe e volta aos 96 mil pontos à espera de comissão da Previdência
A bolsa acumulou variação negativa de 0,24% na semana em coincidência a um vácuo político no Congresso graças ao feriado na quarta-feira. Com o alento proveniente de dados fortes de geração de empregos nos Estados Unidos, o índice Bovespa se firmou acima dos 96.000 pontos, chegando a acelerar alta na reta final dos negócios devido à confiança do mercado quanto ao início dos trabalhos na comissão especial da Reforma da Previdência, dia 7 de maio.
Aliás, em termos de calendário, a previsão do presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos, é votar a reforma em junho, o que abriria espaço para apreciar a proposta de mudanças na PEC antes do recesso – ao menos no primeiro turno. Mas tudo vai depender da articulação anêmica do governo, que tem gerado desconforto e provocado ruídos que se traduzem em volatilidade aos ativos brasileiros.
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“Se o país não conseguir abordar as sérias questões fiscais e de Previdência a médio prazo, a próxima década será mais uma década perdida, condenando o país a perder meio século” de crescimento e desenvolvimento sustentável, avalia Alberto Ramos, economista-chefe para a América Latina na Goldman Sachs.
O índice Bovespa fechou a sexta-feira em alta de 0,50% a 96.007 pontos, acompanhando a valorização das bolsas americanas, enquanto o dólar futuro caiu 0,75% frente ao real, cotado a R$3,948, em linha com o enfraquecimento da moeda americana frente a seus pares no mercado internacional.
Os juros futuros, por sua vez, recuaram em bloco, com o contrato para janeiro de 2020 cedendo 3,5 pontos-base para 6,465%, em reação ao tombo da produção industrial brasileira em março. O indicador endossa o quadro de fraqueza da atividade econômica, autorizando revisões para baixo na estimativa para o crescimento do PIB neste ano.
Lá fora, por outro lado, os índices Dow Jones e S&P 500 subiram 0,75% e 0,96%, respectivamente, após os dados de emprego dos EUA indicarem que a leitura do Federal Reserve – o banco central americano – sobre a economia parece correta: saudável, sem pressões inflacionárias.
O relatório de emprego, conhecido como payroll, apontou criação de 263.000 postos de trabalho em abril, ante expectativa de 180.000, com a taxa de desemprego caindo para 3,6%, o menor nível desde dezembro de 1969. O ganho médio salarial por hora, por sua vez, subiu 0,2%, ante estimativa de alta de 0,3% no comparativo mensal.
A próxima semana traz uma rodada de indicadores relevantes no Brasil, além do andamento da reforma da Previdência na comissão especial.
Para completar, a temporada de resultados ganha tração, com números do primeiro trimestre de empresas como AES Tietê, Duratex, BB Seguridade, BR Distribuidora, Magazine Luiza, Ambev, TIM Brasil, Gerdau, GPA, Marfrig, CSN, Sabesp, Banco do Brasil, Azul, BTG Pactual, Vale, Lojas Americanas, B2W, Cyrela, BRF e B3.
Na agenda, o destaque fica com a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, na quarta-feira, que irá atualizar o patamar da taxa Selic, atualmente em 6,50% ao ano, a mínima histórica. Diante dos indicadores fracos da economia, discute-se um possível corte na Selic.
Sairão também dados do setor de serviços, vendas do varejo e o IPCA, índice oficial de inflação ao consumidor no país, de abril, na sexta-feira.
No exterior, com a safra de balanços trimestrais mais perto do fim nos EUA, os investidores tendem a retomar o foco em um potencial desfecho das negociações comerciais entre Estados Unidos e China. A agenda traz ainda dados de serviços e vendas do varejo na Zona do Euro, e índices de preços ao consumidor e ao produtor nos EUA.