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Bolsa para cima, dólar para baixo? O que esperar do Ibovespa após Banco Central frear corte de juros

19 jun 2024, 20:40 - atualizado em 19 jun 2024, 22:01
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Houve unanimidade, o que poderá ser um respiro para o combalido Ibovespa, que despenca 10% no ano, e para o dólar (Imagem: Diana Cheng/Money Times)

E cumprindo a expectativa do mercado, o Banco Central freou a alta dos juros em 10,50%, após sete quedas consecutivas. A grande dúvida, porém, era em relação ao racha no comitê. Isso porque na última reunião, de maio, os diretores indicados pelo presidente Lula votaram pelo corte de 0,5 ponto percentual, enquanto o restante optou por uma tesourada menor, de 0,25, o que acendeu alerta para esta reunião. Os analistas temiam por uma perda de credibilidade da instituição.

Dessa vez, porém, a conversa foi diferente. Houve unanimidade, o que poderá ser um respiro para o combalido Ibovespa, que despenca 10% no ano, e para o dólar, que está quase chegando aos R$ 5,5.

“Foi uma decisão unânime e o Copom não cedeu à pressão política, o que se mostrou muito positivo, na minha opinião. Essa era a maior dúvida, pois o presidente Lula criticou veementemente o colegiado nos últimos dias”, afirmou Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital.

Para ele, a unanimidade foi importante para reforçar que as decisões foram tomadas de forma técnica e não com interferência política e, assim, eliminando qualquer dúvida sobre política monetária.

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“Na minha opinião, o mercado vai receber bem a decisão e o comunicado. Amanhã, devemos observar queda no dólar e nos juros futuros, enquanto a bolsa deve abrir em alta, refletindo maior otimismo com a política monetária”, explica.

Na visão de Nicolas Borsoi, da Nova Futura Investimentos, para o mercado, isso é um sinal de que os novos diretores estão alinhados com a visão de uma postura mais cautelosa do Copom neste momento.

“Sendo assim, o mercado deve pedir menores prêmios na curva de juros, uma vez que um dos riscos para a decisão de hoje era uma percepção de leniência dos novos diretores. Isso deve contribuir para queda das taxas de juros e do câmbio. E esse alívio nos juros e no câmbio devem reduzir a pressão de venda na Bolsa, contribuindo para uma recuperação do Ibovespa”, coloca.

O economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano, destacou ainda o fato de o BC indicar em seu cenário alternativo, no qual a Selic fica constante em 10,50%, que a projeção de inflação para 2025 está em 3,1% — muito próxima da meta de 3% perseguida pela instituição. No cenário de referência, com trajetória da Selic extraída do relatório Focus, a projeção de inflação é de 3,4%.

“Isso sugere que o BC ficará parado monitorando por um tempo e eventualmente, entre o fim deste ano e o segundo trimestre do ano que vem, pode ter uma janela para voltar a cortar a Selic”, avaliou Serrano. “E nos dois cenários que o BC apresentou, a régua para subir juros também é alta. Então, o mercado tem que limpar prêmios de curto prazo na curva”, acrescentou.

Serrano afirma que, caso não surjam novos fatores negativos no exterior ou mesmo no Brasil, a tendência é de queda das taxas na curva a termo, principalmente nos contratos de curto prazo. Nos vencimentos longos, a queda pode ser menor em função da preocupação persistente com o equilíbrio fiscal.

Para Victor Scalet, estrategista Macro da XP, haverá “alguma descompressão” dos prêmios de risco, justamente porque não houve decisão dividida ou que pudesse ser interpretada como sinal de que o BC estava cedendo às pressões políticas.

“Tirando isso um pouco da mesa, tanto o DI deve causar o fechamento de taxas quanto (deve haver) algum alívio do dólar. Agora, o tamanho é difícil de estimar, porque não é conta sobre política monetária, é redução do prêmio de risco”, ponderou.

“Para o DI, espero queda de 10 ou 15 pontos-base no que a gente chama de ‘barriga da curva’, até o (contrato para) janeiro 2026. Para o dólar, (espero) alguma abertura um pouco melhor que os pares”, acrescentou Scalet.

Para o economista-chefe na Way Investimentos, Alexandre Espirito Santo, o fato de o BC ter citado no comunicado da decisão que optou por “interromper” o ciclo de cortes — e não por “encerrar” — indica de fato que a instituição pode voltar em algum momento a reduzir a Selic.

“Também foi maravilhoso ter sido por unanimidade, porque houve muito ruído ontem (terça-feira)”, afirmou, lembrando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas duras ao presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Espirito Santo pontuou que no fim da sessão desta quarta, com a proximidade do Copom, já houve certa melhora dos ativos brasileiros, o que deve continuar na quinta.

“No fim do dia, o dólar já tinha zerado e os juros futuros haviam desacelerado. A bolsa fechou com o índice alto. Isso é prenúncio de que o dia amanhã será de menos estresse”, completou.

Com Reuters