Eleições 2018

Bolsa Família, evangélicos e escolaridade definem favoritos, vê analista

21 set 2018, 17:32 - atualizado em 21 set 2018, 17:32
(TSE)

Por Arena do Pavini – A últimas pesquisas mostram uma queda na preferência dos eleitores pelo candidato Ciro Gomes, do PDT, e um aumento nos de Fernando Haddad, do PT, que pode  se intensificar nas próximas semanas, consolidando a polarização entre o candidato petista e Jair Bolsonaro, do PSL, no segundo turno. A tendência precisa, porém, ser confirmada nos próximos levantamentos de campo, afirma Ribamar Rambourg, coordenador de Análise Política da Genial Investimentos. A corretora divulgou hoje pesquisa feita pelo instituto Brasilis na quarta e na quinta-feira desta semana, que mostra Bolsonaro com 30%, Haddad com 17% e Ciro com 7%, empatado com Geraldo Alckmin, do PSDB. Marina Silva, da Rede, tem 6% , João Amoêdo, do Novo, 5% e Álvaro Dias, do Podemos, 4%. Henrique Meirelles, do MDB, aparece com 3%.

Fatores sócio-econômicos explicam favoritismo

A pesquisa da Genial mostrou também maior impacto de fatores sociais na preferência pelos candidatos do que fatores regionais, afirma Rambourg. Fatores como renda e escolaridade explicam o crescimento de Haddad e Bolsonaro. “E na pesquisa por telefone, é mais fácil a pessoa falar de maneira mais verdadeira sobre sua renda”, explica. O levantamento mostrou que Haddad tem maior presença entre os eleitores que estudaram até o fundamental apenas, com 22% do total, enquanto Bolsonaro tem 15% nessa faixa. Já o candidato do PLS tem a maioria dos eleitores entre os com mais escolaridade, até o ensino médio completo (43%) ou até o superior completo ou mais (42%). Haddad tem 16% dos eleitores com ensino médio e 10% com ensino superior.

Já com relação à renda, Haddad tem maior presença entre os que recebem Bolsa Família (27%) do que Bolsonaro (16%). O candidato do PSL cresce entre os com renda mais alta (33% dos que não recebem Bolsa Família, para 15% de Haddad). “Haddad vai bem entre os  beneficiários do Bolsa Família, que são 25% da população”, observa Rambourg.

Evangélicos dão força a Bolsonaro

Religião também favorece Bolsonaro, com 39% dos eleitores evangélicos e 38% dos católicos e 32% dos de outras religiões. Haddad tem maior presença entre os católicos, com 18%, e de outras religiões, com 17%, ficando com 11% dos evangélicos no primeiro turno.

Com relação ao sexo, há uma predominância do voto masculino em Bolsonaro, 40%, contra 21 do feminino, enquanto Haddad tem maior equilíbrio, 18% mulheres e 17% homens. A diferença de gênero fica mais claro no segundo turno, diz Rambourg, especialmente com Bolsonaro, que tem 53% dos votos masculinos e 32% dos femininos. Haddad tem mais votos das mulheres, 47%, do que dos homens, 32%.

No segundo turno, grupos podem definir a eleição

Mas se Bolsonaro não faz tanto sucesso entre as mulheres, o eleitorado evangélico pode ajudar bastante o candidato do PSL no segundo turno, com a preferência de 52% dos fiéis. Dos católicos, 40% preferem Bolsonaro, assim como 41% de outras religiões. Já Haddad tem mais votos entre os católicos (42%) que entre os evangélicos (32%) e de outras religiões (32%).

Já entre os que recebem Bolsa Família, Haddad tem ampla vantagem, com 58% dos que têm o benefício e 35% entre os que não recebem. Bolsonaro tem 28% de eleitores com Bolsa Família e 45% com renda mais alta, que não recebem.

Sobre a escolaridade, no segundo turno, Haddad aparece com 54% dos votos entre os que completaram apenas o ensino fundamental, 30% o ensino médio e 25% o superior. Já Bolsonaro é o inverso, 25% ensino fundamental, 57% médio e 53% superior completo. “Nos dados finais, vemos que religião, bolsa família, escolaridade e renda, são mais relevantes”, diz.

Queda de Ciro e crescimento de Haddad

Rambourg diz que é preciso confirmar se a queda de Ciro detectada na pesquisa da Genial se confirmará nas próximas. Mas o que se vê é um segundo turno bastante acirrado entre Bolsonaro e Haddad, com vantagem pequena para o candidato do PSL. “Fatores externos podem acontecer, mas teria de ser algo com um impacto muito grande para mudar esse cenário”, diz.

Sem muita chance de um candidato de centro

Mantidas as atuais tendências, Haddad deve crescer e ele e Bolsonaro parecem ter se consolidado na liderança. “As pesquisas não mostram espaço para outra candidatura aparecer nessa altura da campanha”, diz, numa referência às tentativas do PSDB de tentar atrair votos de outras candidaturas de centro para Geraldo Alckmin. Em carta, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez um apelo para a união do centro no primeiro turno para evitar a polarização entre esquerda e direita.

Para Rambourg, porém, a tendência é de Haddad crescer ainda mais. “A pesquisa mostra que 25% não conheciam Haddad, então ele ainda tem espaço para conquistar mais eleitores”, diz. Mas ele alerta que é preciso cuidado com as projeções para o segundo turno. “Tanto Haddad quanto Bolsonaro são candidatos com taxas de rejeição muito alta, não Haddad diretamente, mas o PT, que tem mais de 50% de eleitores que dizem que não votariam no partido de jeito nenhum”, lembra.

Disputa vai durar mais um mês 

O analista observa que faltam ainda mais duas semanas para o primeiro turno e outras três para o segundo, ou seja, um mês de campanha. “E em um mês a situação pode mudar muito”, lembra. Ele acredita que a forma como terminar o primeiro turno terá influência grande na decisão dos eleitores no segundo. “Precisamos ver como o PT vai usar a propaganda eleitoral, pois o partido é muito bom nisso, e como vão reagir os outros candidatos na reta final do primeiro turno”, diz.

Haddad aparece como favorito

Aparentemente, Haddad seria o favorito, por se opor ao presidente Michel Temer, que tem altíssima rejeição junto à população, e por vender a volta aos bons tempos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “E a máquina do partido, o PT, também é muito importante, é uma estrutura fundamental para ganhar votos”, lembra Rambourg. Mas Bolsonaro também tem apelo entre os que são contrários ao PT e entre os mais conservadores.

Voto envergonhado, tanto em Bolsonaro como no PT

Sobre o voto envergonhado, Rambourg acha que ele existe tanto entre os que votam em Bolsonaro, mas não admitem, como entre os que podem votar no PT. “Mas a pesquisa telefônica tenderia a reduzir esse efeito, por constranger menos o eleitor”, acredita. “Não deve ser uma coisa tão importante”.

Fim do primeiro turno pode influenciar o segundo

O analista político acredita que o mais importante agora é ver como vai terminar o primeiro turno. “As coisas podem mudar, na eleição passada Marina Silva estava em segundo e Aécio Neves acabou passando para o segundo turno”, diz. Ele lembra, porém, que Aécio começou a crescer antes, e um possível nome alternativo já deveria estar ganhando espaço nas pesquisas. “Por isso não acredito em um terceiro candidato ainda neste primeiro turno”, diz.

Além disso, há a questão da saúde de Bolsonaro, que pode afetar a campanha do candidato e os debates no segundo turno.

A Genial deve fazer mais uma pesquisa semanal, que será divulgada na próxima quinta-feira. Na última semana antes da eleição, a previsão é que sejam feitos levantamentos diários para acompanhar a reta final do primeiro turno.

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