Opinião

Bolsa está muito perto de chegar a 1 milhão de investidores

14 mar 2019, 6:01 - atualizado em 14 mar 2019, 12:54
A popularização do mercado de ações no Brasil está nas mãos da CVM e do Cade

Por Gustavo Kahil, editor e sócio-fundador do Money Times

A B3 (B3SA3) está muito perto de alcançar a desejada marca de alcançar 1 milhão de investidores. É um nível ainda bastante longe do sonhado pelo ex-presidente da Bovespa, Edemir Pinto, que estimava 5 milhões de cadastros, mas é um enorme passo.

Este movimento pode ter sido consequência da queda dos juros, e a manutenção deles em nível baixo, do avanço da educação financeira, da tecnologia, do maior número de agentes autônomos, das plataformas abertas de investimentos, das fintechs, ou das empresas que publicam ideias de investimentos.

Mas isso não parece importar tanto agora. É motivo de comemoração para todos estes participantes que deixaram muito sangue e suor neste caminho, ainda mais com o Ibovespa em nível recorde.

Mas, e o sonho de Edemir?

Ele, agora, está nas mãos dos burocratas. Explico mais logo abaixo.

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Pequenos para sempre?

Superar a marca de um milhão é, sem dúvida, a prova de que os 5 milhões de investidores em renda variável podem ser alcançados. Os dados da B3 divulgados ontem revelam que, ao final de fevereiro, o número de investidores ativos era de 942.117. É um crescimento de 7% na comparação com janeiro e de 44% na comparação com um ano antes. Ou seja, há uma grande chance de que esta marca seja batida nos próximos dias.

Mas para que o mercado continue a crescer a galopes, os reguladores precisam acompanhar toda esta massa crítica feita na unha pelos empreendedores. Eles, ao lado do avanço da B3 como uma das mais avançadas bolsas do mundo, estão prontos para receber estes investidores.

Há, neste momento, dois importantes assuntos sendo tratados na CVM, a xerife do mercado, e no Cade, o órgão antitruste, que serão cruciais para o sucesso ou fracasso deste plano.

A CVM, por exemplo, quer regular a atividade de aconselhamento financeiro, mesmo para quem o faz sem ligação com instituições financeiras. Ou seja, não encosta no dinheiro do cliente. Isso enquanto pipocam casos de falsos “assessores de investimentos” que enganam e roubam os investidores. Há, ainda, uma inacreditável tentativa de cercear os cursos de investimentos.

O Cade, do seu lado, tem em sua mesa a chance de liberalizar o mercado de agentes autônomos de investimentos. Estes profissionais, que ajudam na ambientação dos investidores ao mercado, estão sob regras que os deixam quase reféns das corretoras.

É isso.

As condições para a entrada do brasileiro no mercado de ações estão dadas. Agora nos resta torcer, e pressionar, para que os burocratas não joguem pelo ralo o trabalho duro dos milhares de profissionais que, de fato, construíram tudo isso.

Até a próxima!