Bolsa está barata e pode subir mais 20%, diz diretor da Rio Bravo
A combinação de fluxo de investidores locais e estrangeiros e boa safra de resultados corporativos permite continuidade da alta da Bolsa, apesar de incertezas externas e das eleições, segundo avaliação do diretor da Rio Bravo Investimentos, Eduardo Levy.
Gostou desta notícia? Receba nosso conteúdo gratuito
“Na sua maioria os resultados estão vindo em linha ou acima da melhora da atividade. Por conta disso e aliado ao fluxo de investimento, tanto de investidores locais quanto de estrangeiros, a Bolsa tem espaço para subir mais 15%, 20% até o fim do ano que vem”, diz Levy, gestor do fundo multimercado macro Rio Bravo Apollo, em entrevista ao Money Times.
O interesse pela renda variável tem como pano de fundo o foco em diversificação diante da queda nos juros. Um movimento que deve prosseguir na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central na semana que vem. “Achávamos melhor que o BC mantivesse [a taxa Selic] em 6,75% ao ano, mas esse corte para 6,50% ao ano parece agora mais provável.”
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
Na sua avaliação, a Bolsa está cara ou barata?
Olhando para um cenário de médio prazo, fim do ano que vem, a Bolsa está barata comparada ao custo de oportunidade. Existe tanto fluxo como uma melhora da atividade que deve afetar os resultados das empresas, como já está ocorrendo, e deve fazer com que a Bolsa continue performando melhor do que as alternativas de renda fixa.
Como tem observado a temporada de resultados do quarto trimestre de 2017?
Na sua maioria os resultados estão vindo em linha ou acima da melhora da atividade. Por conta disso e aliado ao fluxo de investimento, tanto de investidores locais quanto de estrangeiros, a Bolsa tem espaço para subir mais 15%, 20% até o fim do ano que vem.
O que mais anima e o que mais tira o sono no cenário atual?
Todos os ativos financeiros do Brasil dependem muito do fluxo internacional. Então o cenário internacional precisa continuar benigno e, provavelmente a partir de maio, o cenário político passa a ter um peso maior até o resultado final das eleições.
Qual é a sua expectativa para a eleição e seu efeito nos mercados?
Nossa cabeça é que parece haver um consenso de que a política econômica vem sendo bem tocada e precisa ter uma continuidade. Penso que não se trata nem de prosseguir as reformas, e sim fazê-las verdadeiramente acontecer. O que tivemos até agora foi extremamente tímido.
No cenário externo, qual é o seu nível de preocupação quanto ao aperto monetário do Federal Reserve e ao risco de guerra tarifária?
Qualquer coisa que venha do governo americano hoje geralmente é uma surpresa. Especificamente esses assuntos eu acho que o mercado vem sabendo precificar corretamente nos ativos financeiros. Minha preocupação maior é com a incerteza futura do que o que já foi anunciado (algo que poderia vir e ninguém estava esperando, como a própria tarifa no aço).
Acredita que o Copom vai cortar novamente o juro na semana que vem?
Nosso cenário base até há pouco era de manutenção. Olhando para um cenário de mais médio prazo, seria melhor para o Banco Central manter essa taxa. Mas o cenário de mercado precifica hoje cerca de 80% de probabilidade de corte adicional. Dada a inflação benigna, baixa, observada nos últimos 30 dias em adição ao que já víamos antes, existe uma possibilidade sim de corte de 0,25 ponto percentual, mesmo que nesse período a reforma da Previdência tenha sido basicamente jogada para o futuro. Achávamos melhor que o BC mantivesse em 6,75% ao ano, mas esse corte para 6,50% ao ano parece agora mais provável.