Coluna do Felipe Miranda

Bolsa de Valores: Investir na renda variável ficou diferente? Estamos no fim de uma era?

16 maio 2022, 13:28 - atualizado em 16 maio 2022, 13:28
Bolsa de valores
“Estamos saindo de um período em que a Bolsa de Valores deixa de ser científica”, diz colunista (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

“Começo a ouvir um burburinho neste nosso mundo de startup sobre algo chamado ‘Ebitda’. Alguém sabe algo a respeito? Chequei e aparentemente não se trata de uma nova criptomoeda.” Pra mim, esse foi o grande tuíte do fim de semana, do perfil de Matt Turck. Não vejo a correção na Bolsa de Valores apenas como um ajuste circunstancial. Analiso a dinâmica como uma real mudança de paradigma, o verdadeiro fim de uma era.

E que era está se esgotando agora na Bolsa de Valores? 

Há várias formas de se ver a coisa. Warren Buffett e Charlie Munger, por exemplo, defensores seculares do tratamento de ações como empresas, ou seja, de uma associação direta entre um ticker e a realidade objetiva dos fundamentos da respectiva companhia, ligaram o comportamento dos mercados nos últimos anos a um grande cassino.

A minha maneira de ver é a seguinte: estamos saindo de um período em que os mercados deixaram de ser científicos para o retorno da validação empírica de hipóteses macroeconômicas e corporativas.

A essência do método científico passa pelo falseacionismo popperiano. Em português, só podemos submeter ao rigor da ciência hipóteses que possam ser falseadas. 

Se eu afirmar que o lucro da Empiricus no mês de maio será de 5, em 15 dias poderemos falsear (ou não) essa afirmação. Agora, se eu falar que o lucro será de 100 daqui a cinco anos, não podemos falsear nada. Estamos no campo das promessas inverificáveis. Então, vale qualquer coisa. Inclusive vale dizer que será 200, em vez de 100. O futuro, por definição, não existe e, portanto, ele é não falseável pela evidência empírica.

Saímos de um ambiente de concretude para o intangível. E, nesse novo campo, ganham com mais facilidade as apresentações mais bem-feitas e os CEOs/fundadores mais messiânicos.

Com a subida das taxas de juro e a crise de liquidez em curso, isso acabou. Foram anos e anos de um paradigma de “Blitzscaling”, “software as a service”, “Ebitda adjusted by growth”, etc. Todos querendo elevar a consciência mundial. Barriga no balcão que é bom… nada.

Voltamos a olhar as empresas tal como deveria ser: pela sua capacidade de geração de caixa no tempo, sem ilusões ou projeções sonháticas. Só pode haver sustentabilidade empresarial de fato se houver geração de caixa. E, ao mesmo tempo, aquela corporação só poderá sobreviver ao teste do tempo se, efetivamente, gerar valor para seu cliente. Uma companhia só poderá existir por décadas se estiver dentro de um equilíbrio estável em que ela gera valor para a sociedade (ou parte dela) e se apropria de um percentual desse excedente gerado.

Sabemos disso como investidores, analistas e empresários. E nós mesmos precisamos fazer a nossa parte. Por isso, em caráter inédito e extraordinário, eu e Rodolfo faremos o Empiricus Bootcamp  pela primeira vez de graça para todos os assinantes premium da casa. Sabemos da complexidade do período à nossa frente. Da subida das taxas de juro, das adversidades sobre o mundo tech, do derretimento das criptos, da guerra, da China, das eleições. E sabemos também como há pseudoespecialistas inundando a internet com informações imprecisas e erradas — como sabemos, não ter mapa será sempre melhor do que dispor de um mapa errado.

Por isso, estamos nos colocando à disposição de nossos clientes fiéis, para tentar-lhes retribuir o apoio que sempre nos foi conferido. Acreditamos na geração de valor para os investidores, no que será traduzido na capacidade de atravessar mais essa tempestade e em melhores retornos para as suas carteiras. Isso voltará no tempo em valor gerado para a própria Empiricus.

Meu pai, Ramiro, que infelizmente não está mais entre nós há algum tempo, insistia em frases clichês, mas verdadeiras. “A obrigação na frente da diversão”, “confiança é difícil de se construir e fácil de destruir”, “o combinado não sai caro” e a melhor delas para o momento: “um negócio só é bom quando beneficia os dois lados”. Acredito demais nisso. E é o que perseguimos aqui, obstinadamente: oferecer bons negócios a nossos clientes.

Por isso, fica o convite para que você esteja conosco todos os dias, para um podcast entre mim e o Rodolfo, no meio da tarde, com nossa leitura diária de mercado e sugestões para seus investimentos, numa conversa próxima, direta e familiar, pois é assim que enxergamos aqueles que sempre estiveram conosco.

Se você ainda não é um assinante Premium essa é a oportunidade que lhe faltava. Normalmente, as grandes oportunidades vêm mesmo nas maiores crises. O Ramiro vivia dizendo isso.

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