Economia

“Bolsa Corona” pode chegar a 24 milhões de pessoas e custar R$ 45 bilhões

27 mar 2020, 16:41 - atualizado em 27 mar 2020, 16:41
Metrô de São Paulo
A qualificação será limitada aos trabalhadores que ganham até três salários mensais e não estão recebendo outros programas de apoio à renda, com exceção do “Bolsa Família” (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O auxílio aprovado pela Câmara dos Deputados para enfrentar os efeitos do coronavírus na economia poderá chegar a até 24 milhões de pessoas e custar entre R$ 32 a R$ 45 bilhões, estima o UBS em um relatório enviado a clientes nesta sexta-feira (27).

O “Bolsa Corona”, ou “Coronavoucher”, corresponde a uma ajuda de três meses para trabalhadores informais que já estão registrados nos programas sociais existentes, de R$ 600 a R$ 1.200 por mês.

A qualificação será limitada aos trabalhadores que ganham até três salários mensais e não estão recebendo outros programas de apoio à renda, com exceção do “Bolsa Família”.

O valor final, superior aos R$ 200 anunciados pelo Executivo no início da crise em virtude da pandemia, foi possível após articulação de parlamentares com membros do governo federal. O projeto prevê ainda que a mãe provedora de família “uniparental” receba duas cotas.

“Essa é uma medida importante, pois o bloqueio em todo o país afeta mais severamente os do mercado de trabalho informal, estimado em 42 milhões de trabalhadores que não têm afiliação a uma empresa e, portanto, não recebem salário (eles vivem com dinheiro vivo dos fluxos de suas transações diárias) e não têm direito ao seguro-desemprego ou FGTS“, analisam os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos.

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(Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Orçamento de guerra

Segundo o UBS, as medidas de gastos anunciadas e planejadas para o combate à crise ampliarão o déficit fiscal primário e aumentarão as despesas além do limite de gastos constitucionais de 2016.

“Embora o limite de gastos de 2016 tenha uma cláusula que permita gastos para lidar com emergências, Rodrigo Maia, está negociando uma emenda constitucional para criar o que ele chama de ‘orçamento de guerra’, uma autoridade específica de gastos que seria gerenciada por um comitê que pode acelerar os gastos. O Brasil teria dois orçamentos, com o ‘orçamento de guerra’ voltado apenas para gastos direcionados para lidar com os efeitos do surto de coronavírus”, explica o banco.