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Bolsa cai 1% e dólar sobe com tensão externa antes de comissão da Previdência

06 maio 2019, 18:27 - atualizado em 06 maio 2019, 18:27
O índice Bovespa caiu 1,04%, encerrando aos 95.008 pontos, enquanto o dólar futuro subiu 0,68%, cotado a R$3,975

Por TradersClub

A bolsa começou a semana descendo aos 95 mil pontos, com um possível retrocesso nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, que disseminou tensão entre investidores em todo o mundo. Tudo isso na véspera do início da discussão da reforma da Previdência na comissão especial, nessa terça-feira.

Cientes dos ruídos políticos que podem contaminar esta etapa de tramitação da reforma neste e no próximo mês, gestores adotam uma postura mais defensiva, monitorando com cautela o desenrolar do debate em Brasília. “O grande desafio é o governo lidar com o lobby mais pesado do servidor público, em uma comissão que tende a ser mais longa, com debate focado só no mérito, então há inúmeras armadilhas que podem aparecer”, disse à TC News Lucas de Aragão, analista político e sócio da Arko Advice.

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Aragão avalia que as conversas nesta comissão deverão se estender por dois meses, com aprovação ao fim de junho. Na visão dele, haverá pressão para desidratação do projeto, mas até o fim do ano o Congresso tende a dar o aval a uma reforma que prevê economia fiscal entre R$650 bilhões e R$800 bilhões na próxima década, ante a proposta original de pouco mais de R$1,2 trilhão.

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Operadores de mesa comentaram ao longo do dia que a iniciativa de Trump soava como mais uma tática de negociação do que uma deliberação

Internacional

O índice Bovespa caiu 1,04%, encerrando aos 95.008 pontos, enquanto o dólar futuro subiu 0,68%, cotado a R$3,975, em reflexo de ventos contrários do exterior nesta segunda-feira. Por meio de seu perfil no Twitter, o presidente americano Donald Trump ameaçou elevar tarifas de 10% para 25% sobre US$200 bilhões de produtos chineses a partir de 10 de maio, o que surpreendeu negativamente o mercado, que esperava por um acordo iminente na disputa tarifária entre as duas potências.

Operadores de mesa comentaram ao longo do dia que a iniciativa de Trump soava como mais uma tática de negociação do que uma deliberação, com o objetivo de pressionar os chineses. Conforme essa linha de raciocínio, o sinal inequívoco de recrudescimento ou não da guerra comercial viria em caso de cancelamento da visita do vice-premiê chinês, Liu He, aos Estados Unidos, nesta semana.

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E, segundo apuração da rede CNBC, uma delegação do governo chinês viajará aos EUA para prosseguir nas conversas com Washington, mesmo após o possível fim da trégua tarifária sinalizado por Trump. O mercado aliviou as perdas com a notícia e os índices Dow Jones e S&P500 fecharam com queda de 0,25% e 0,45%, respectivamente.

Mercados

Os juros futuros por aqui não definiram tendência única, alternando entre a alta do dólar diante da maior aversão ao risco no exterior e as evidências de fraqueza da atividade econômica no Brasil. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, trouxe mais uma queda na projeção dos analistas para o crescimento do PIB deste ano, com redução de 1,70% para 1,49%.

Simultaneamente, a estimativa para o IPCA, o índice oficial de inflação do país, neste ano subiu de 4,01% para 4,04%. Neste contexto de projeção de inflação aumentando, apesar da atividade fraca, as apostas de eventual corte na taxa básica de juro, a Selic, perdem força, ainda mais frente a uma agenda carregada nos próximos dias.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, vai atualizar o patamar da Selic nesta quarta-feira, com expectativa majoritária de manutenção em 6,50% ao ano, e, na sexta-feira, será conhecido o IPCA referente ao mês de abril. Para amanhã, a agenda econômica destaca números de vendas de veículos por aqui em abril e, lá fora, a produção industrial de março na Alemanha.