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Bolsa: 80% da alta das ações reflete ajuste à taxa de desconto menor, diz diretor do BTG

15 maio 2019, 8:25 - atualizado em 15 maio 2019, 8:25
Um dos fatores para alta da bolsa nos últimos meses é a baixa dos juros, explica Pedro Maia

Por Arena de Pavini

A maior parte da alta do Índice Bovespa nos últimos anos é fruto de uma reavaliação dos preços das ações diante de uma taxa de juros mais baixa, e não de uma melhora efetiva da economia do país e das empresas, afirma Pedro Maia, sócio diretor do Banco BTG Pactual (BPAC11) e responsável pela estratégia do fundo de ações Absoluto.

Segundo ele, a continuidade da alta vai depender agora da aprovação da reforma da Previdência e, mais que isso, da retomada do crescimento da economia brasileira, que não será tão acelerada.

Maia define a aprovação da reforma da Previdência como a continuidade do processo de ajuste iniciado em 2015 que tirou o país do caminho do precipício. Esse processo permitiu a queda dos juros da economia e, com juros menores, o valor das ações sobe.

“Com a taxa de desconto usada para calcular o valor presente das empresas menor, o desconto é menor e o preço das ações hoje sobe”, explicou, durante o 21º Fórum de Investimentos Luz Previdência. Segundo Maia, 80% do ganho das ações foi motivado pelo ajuste dos preços à nova taxa de desconto mais baixa.

Daqui para frente, o gestor diz que não sabe o vai acontecer com a bolsa. Mas provavelmente os preços não vão mais refletir esse ajuste dos juros, pois não há muito mais espaço para reduções significativas da taxa. A alta das ações deve depender mais agora do crescimento da economia brasileira, que deve enfrentar alguns desafios.

O primeiro é o fato de a reforma da Previdência, assim como outros relativos ao ajuste fiscal, é contracionista, ao cortar os gastos do governo, reduzindo uma parte da demanda da economia, que já anda fraca pelo desemprego elevado. As empresas também têm capacidade ociosa elevada, e não vão precisar investir para aumentar a produção, o que reduz outro motor do crescimento econômico. “Não vamos ter uma taxa de investimento muito grande”, diz.

Reforma da previdência é um dos componentes para diminuir o gasto público (Victor Soares/Previdência Social)

Assim, a retomada do crescimento após a aprovação da reforma da Previdência não vai ser tão forte, o que pode até ser bom para evitar pressões inflacionárias, afirma Maia. “Mas o que fez a bolsa subir nos últimos três anos não estará mais aí, que é a queda dos juros”, explica.

O investimento em ações terá assim de acompanhar o desempenho das empresas e seu lucro. “Isso elimina aquela pergunta que sempre ouvimos, se é hora de entrar na bolsa”, diz.

Maia defendeu ainda que os fundos passivos, que acompanham os índices de preços de ações, apesar de terem um custo menor pela taxa de administração mais baixa, perdem para os de gestão ativa. Segundo ele, levantamento com os melhores fundos de ações do mercado mostra que eles conseguem um rendimento 15% maior que o Índice Bovespa nos últimos três anos.

Além disso, o investimento em índices no mercado brasileiro é muito concentrado em algumas empresas e está sujeito a distorções, não refletindo a economia do país. Nos Estados Unidos, em que já uma grande diversidade de empresas dos mais diferentes setores, os índices refletem melhor o desempenho da economia.

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